quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Oxalá


Considerado o pai maior, pai de todos os Orixás e de todos os mortais, de acordo com o culto praticado no Rio Grade do Sul (batuque). É o Orixá que exerce todo o conhecimento e a relação ao destino de todos os seres humanos. Oxalá é o mais respeitado Orixá nas nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o criador e administrador do universo. Quando moço, se manifesta em seu cavalo-de-santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em sua passagem velha, chega curvado. Pertence a Oxalá de Orumiláia a visão espiritual, como conseqüência do Ifá (jogo de búzios). Cultuamos Bocum, Olokum, Dakum, Jabokum e Oromiláia.




Elemento: Ar
Domínio: Espiritualidade
Instrumento: Oxalá novo: Espada e escudo. Oxalá velho: Opaxorô (cajado)
Cores: Branco
Saudação: Epa ô Baba
Dia da semana: Quarta-feira: Oxalá Moço e Domingo: Oxalá velho
Ebó: Canjica branca, merengue e mel.
No sincretismo, é associado a Jesus Cristo.

Iemanjá


Considerada a Mãe de todos os Orixás e consequentemente senhora da maternidade e das famílias. Divindade das águas salgadas dos mares e oceanos. Orixá que gera o movimento das águas, deusa da Pérola, protetora dos pescadores e marinheiros. Traz paz e harmonia para toda a família. Dona do pensamento, por isso é a ela que devemos recorrer para solucionar problemas de depressão e instabilidade emocional. Cultuamos Iemanjá Bomi e Bossi.

Elemento: Oceanos e mares
Domínio: Fertilidade – Pensamento
Instrumento: Abebê (espelho) 
Cores: Azul claro
Saudação: Omio Odo
Dia da semana: Sexta-Feira
Ebó: Canjica branca, cocada e mel. 
No sincretismo, Iemanjá é associada a Nossa Senhora dos Navegantes.

Oxum


Oxum Orixá feminino muito cultuado e lembrado por ter a fertilidade como característica principal. Senhora da Água doce, e do amor. Simboliza a riqueza, doçura, bondade e vaidade. É a mãe Orixá que zela pelas crianças desde o ventre da mãe carnal até os sete anos. Por ser a senhora da riqueza e do ouro, muito se recorre a mãe Oxum para crescimento financeiro e também causas amorosas. Cultuamos Oxum Pandá de Ibejis, Oxum Pandá, Demum e Docô.


Elemento: Água doce
Domínio: Rios, cachoeiras e lagos
Instrumento: Abebê (espelho)
Cores: Amarelo e dourado
Saudação: Ora Ie ieu
Dia da semana: Sábado
Ebó: Canjica amarela, quindins e mel.
No sincretismo, o Orixá é associado à Nossa Senhora das Graças, N.S. da Conceição, N.S. Aparecida, N.S do Carmo. 

Ibeijis


Ibejis são divindades gêmeas infantis, é um Orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.Divide-se em masculino e feminino, (gêmeos).Em Oyó cultua-se como Erês ligados a qualidade de Xangô e Oxum. Popularmente conhecido como Oxum e Xangô de Ibeji. Os Orixás gêmeos protegem os que ao nascer perderam algum irmão (gêmeo), ou tiveram problemas de parto. Em algumas casas de Candomblé e Batuque são referidos como erês (crianças) que se manifestam após a chegada do Orixá, chamados de Axe-erês ou axêros. Por serem gêmeos estão ligados ao princípio da dualidade e de tudo que vai nascer, brotar e criar.

Elemento: Ar
Domínio: Nascimento e infância
Cores: Multicolorido
Saudação: Bejiróó
Dia da semana: Domingo
Ebó: Amalá e canjica amarela com doces e brinquedos.  
No sincretismo, o Orixá é associado a São Cosme e Damião. 

Xapanã


Divindade das pragas, moléstias, pestes e enfermidades. Senhor da cura, é o médico do espírito, senhor da vassoura, que afasta as cargas negativas e as doenças – principalmente as espirituais. Orixá que não deve ser invocado em vão. Senhor da terra, que detém o controle dos mortos, do mistério e tudo que é oculto. Senhor da feitiçaria e da magia.


Elemento: Terra
Domínio: Doenças
Instrumento: Xaxará
Cores: Vermelho e preto, lilás
Saudação: Abawô
Dia da semana: Quarta-feira
Ebó: Amendoim, feijão preto e milho torrado.
No sincretismo, o Orixá é associado a São Roque, São Lázaro e Nosso Senhor dos Passos.  

Ossaim


Orixá das plantas medicinais e litúrgicas. Conhecedor do segredo de todas as folhas, utilizada nos rituais e na medicina natural. Sem folha, utilizadas nos rituais e na medicina natural. Sem folhas não há Orixá. Senhor da liturgia e regente do sagrado. Considerado o médico da nossa religião e também da moeda corrente. Vive nas florestas, onde nada por ser retirado sem a licença deste Orixá.  


Elemento: Matas
Domínio: Folhas e plantas em geral

Instumento: Cajado em forma de árvore, com um pássaro na ponta
Cores: Verde e amarelo
Saudação: Ewo Ewoö
Dia da semana: Segunda e quarta-feira
Ebó: Apetés de batata inglesa, linguiça e pipoca.
No sincretismo, o Orixá Ossaim é associado a São Cristovão. 

Obá


Orixá guerreira, forte e destemida, enérgica, muitas vezes mais forte que Orixás masculinos. Tímida e apaixonada, quando amando se anula em favor do amor. Senhora dos segredos, Orixá do corte, amores avassaladores e não correspondidos. Para muitos, Obá seria o lado masculino da mulher por seu estado bravo de ser.  


Elemento: Águas revoltas
Domínio: Navalha, Roda
Instrumento: Obé (espada)
Cores: Rosa
Saudação: Exó
Dia da semana: quarta-feira
Ebó: Feijão miúdo, salsa, abacaxi e epô
No sincretismo, o Orixá Obá é associada à Santa Catarina. 

Odé e Otim


Orixás da caça e da pesca, protetores dos animais, vivem nas matas, é um casal inseparável. Representantes da amizade verdadeira, de irmãos. São eles que trazem a fartura para a nossa mesa. Tem como características de personalidade a independência e liberdade, solidão e individualismo. Conhecem o manuseio das plantas nativas, porque aprenderam com Ossaim.


Elemento: Matas
Domínio: Caça

Instrumento: Ofá (arco) e Damatá (flecha)
Cores: Azul escuro (Odé) e azul com branco (Otim) - Cabinda
Saudação: Oke okebanbo
Dia da semana: Sexta-feira
Ebó: Feijão miúdo, inhame doce e chuleta de porco.
No sincretismo, os Orixás Odé e Otim são associados a São Sebastião e Santa Bernadete. 

Xangô


Senhor da Justiça, é o rei que cuida da administração do poder e principalmente é o Orixá responsável pelo cumprimento da justiça divina na terra. Determina o que é certo e o que é errado dentro da sua disposição imparcial, visando acima de tudo a verdade. Representa a autoridade constituída no Panteão africano. É uma figura sólida, tanto por esse papel como pelo elemento que ele é associado: a pedra. Xangô é íntegro, indivisível; com tudo isso, é evidente que certo autoritarismo faça parte de sua figura. É o Orixá que decide sobre o bem e o mal, possui capacidade de inspirar a aceitação inconteste de suas decisões, pela sua retidão e honestidade inquebrantáveis. As qualidades cultuadas deste orixá: Xangô de Ibejis, Xangô Aganjú e Xangô Agodô.

Elemento: Pedra
Domínio: Justiça, trovão e fogo

Intrumento: Oxé (machado de dois cortes)
Cores: Vermelho e Branco
Saudação: Kawô-Kabiesilé
Dia da semana: Terça-feira
Ebó: Amalá – Pirão, carne de peito, mostarda, banana e maçã
No sincretismo, o Orixá Xangô é associado a São João Batista, São Miguel Arcanjo e São Jerônimo. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Iansã


Orixá dos ventos e tempestades, a mais guerreira dos Orixás femininos por sua tempestividade. Senhora da aliança, da alegria e da felicidade. Dona do teto e da panela, senhora dos eguns e do movimento. Deusa da espada de fogo, dona das paixões avassaladoras, Orixá do fogo, guerreira e poderosa, senhora dos cemitérios. Na nação (batuque) cultua-se Iansã Dirã, Timboá e Niqué.

Elemento: Vento
Domínio: Fogo, raios e tempestades.

Instrumento: Eruexim (chibata feita com rabo de cavalo) e Obé (espada)
Cores: Branco e vermelho
Saudação: Epaieio
Dia da semana: Terça-feira
Ebó: pipoca e batata doce
No sincretismo, é associada à Santa Bárbara e Santa Joana D’arc. 

Ogum


Orixá das lutas e das guerras, Orixá que vence demanda, desbravador que traz vitórias. Senhor dos metais, dono do Obé (faca), do ferro e do aço. É o viajante desbravador de novas frentes e caminhos. Senhor das estradas e caminhos. Padroeiro dos militares, agricultores e dos ferreiros. Dono das armas, regente da tecnologia.

Ogum Avagã: Guarnece junto com o Bará Lodê as entradas dos Ilês.
Ogum Adiolá: Ogum que responde na praia.
Ogum Onira: Responde nos campos e nos matos


Elemento: Metal (ferro e aço)
Domínio: Guerra, máquinas e agricultura

Instrumento: Obé (espada)
Cores: Vermelho e verde
Saudação: Ogunhê
Dia da semana – Quinta-feira
Ebó: Costela assada e inhame azedo (epô)
No sincretismo, o Orixá Ogum, é associado a São Jorge

Bará


Orixá dos cruzeiros e dono das encruzilhadas. Senhor do Epô, primeiro Orixá a ser reverenciado, é aquele que abre e fecha os caminhos.
Mensageiro dos Orixás, ninguém vai a praia sem passar pelo cruzeiro. Intermediário entre o Orum (céu) e o Aye (terra), guardião dos portões e portas dos ilês.

Bará Lodê: Guardião dos portões do Ilê junto com Ogum Avagã
Bará Lanã: Guardião da porta do Ilê, ficando à esquerda da porta de entrada.
Bará Adague: Guardião da porta do Ilê, ficando à direita da porta de entrada.
Bará Agelú: Considerado o mais novo dos Barás, ficando dentro dos Pejis (quarto de santo).

Elemento: Terra
Domínio: Cruzeiros e caminhos

Instrumento: Ogó (pênis de madeira com buzios, simbolizando o sêmem)
Cores: Vermelho
Saudação: Alupo
Dia da semana: Segunda-feira / Bará Agelú: sexta-feira
Ebó: Milho torrado e batata assada
No sincretismo, o Orixá Bará é associado a São Pedro e Santo Antônio 

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

MANIFESTAÇÃO DO ORIXÁ


A pessoa, na qual o Orixá incorpora, é denominada cavalo-de-Orixá, no Rio Grande do Sul, mais conhecido como cavalo-de-santo; aquele que tem o privilégio de ser “montado” (incorporado)pelo seu Orixá. No Batuque, ou seja nas nações de Oyó, Gêge, Ijexá, Nagô, Cabinda, diferente do Candomblé, a pessoa não toma conhecimento da incorporação ou, que foi ocupada por seu Orixá.
Os transes de posseção(ocupação) das pessoas tem geralmente um caráter de perfeita autenticidade, pois, assumem certas afinidades de temperamento do Orixá incorporado.
No momento do transe de possessão, o iniciado comporta-se inconcientemente como o Orixá, ao qual está possuído. O indivíduo(pessoa), só pode ser incorporada pelo Orixá dono do seu eledá (cabeça). Pode, ainda, terem os iniciados de um mesmo Orixá as características proveniente das diversidades das qualidades atribuídas a cada Orixá, dependendo assim do nome que aquele Orixá vai levar e assim sendo, suas características próprias podendo ser esse Orixá de acordo com o caso, jovem ou velho, amável ou  ranzinza, pacífico ou guerreiro.Varia também de acordo com Orixá do corpo (ajuntó) , pois apesar do Orixá do corpo não manifestar-se incorporando no iniciado, ele influencia também o comportamento das pessoas na possessão.
O caráter de cada indivíduo resulta na combinação e no equilíbrio destes dois Orixás. Quando os iniciados estão em transe e começam a dançar, possuídos pelos seus Orixás, ficam com as expressões faciais e as maneiras de se portar totalmente modificadas

0 QUE É ORIXÁ?


O Orixá seria em princípio um antepassado divinizado que em sua vida fixara ligações permitindo-lhe um domínio sobre certas forças da natureza, bem como o trabalho em geral, e o conhecimento das qualidades e propriedades das plantas. O seu manuseio e sua utilização para os diversos fins.
O poder do antepassado divinizado tem, após a morte, condições de fazer uma encarnação em seu filho durante o fenômeno da incorporação por ele provocado.O Orixá é um poder imaterial. O qual somente percebemos quando está incorporado em um de seus filhos.
O filho é o veículo que permite ao Orixá vir à terra e é através dele, na incorporação, que o Orixá pode dançar junto com o povo; receber cumprimentos, ouvir queixas, conceder graças e conversar com as pessoas.
Os poderes dos Orixás são iguais, padronizados, de acordo com a função de cada um, complementam-se entre si e finalmente tornam-se o conjunto de forças que regem o universo.

Religião Africanista


INICIO NO RIO GRANDE DO SUL
 
Somente duzentos anos após a Bahia ser centro político nacional é que começou efetivamente o Rio Grande do Sul, sua colonização. Esta área foi juridicamente inserida no território pátrio pelo Tratado de Tordesilhas, antes contestada pela Coroa Espanhola.
Em 1737, ainda éramos colônia de Portugal, o governo português para garantir a posse dessas terras mandou edificar em região estratégica o forte “Jesus, Maria e José”, aquartelando tropas. Dentre os operários a maioria era composta de negros. Negros que mais tarde vieram a trabalhar nos salgadouros e charqueadas de Pelotas.
Estamos neste ano comemorando 230 anos desta presença africana aqui. 26 de Julho de 1783. Em fins do século 19 podiam-se contar com muitas Casas de Religião(Ilês) então denominadas Casas de Pará. Após muitos anos é que houve a substituição para Casas de Batuque... ou de Nação. De 1895 a 1935 viveu em Porto Alegre um príncipe africano cujo nome abrasileirado era Manuel Custódio, do Sapatá Erupê. O Príncipe de Ubá. Ou simplesmente, Príncipe. Àquela época vivia-se um clima de incertezas e conflitos entre as facções dos Ximangos e Maragatos. Um Governador; Dr Augusto Borges de Medeiros, apesar de positivista, reza a tradição, com testemunhos, mandou chama-lo e, juntamente com o Tio Chico, do Moçambique, fizeram um assentamento para o Bará, no Palácio e centro do Mercado. Também, Obrigação no lugar do antigo patíbulo, frente a Igreja N. Sra das Dores. Ninguém precisa ler os jornais da época para saber das estripulias policiais quanto ao Candomblé; ou escutar aqui os contemporâneos do interventor Gen. Daltro Filho, em 1937, que autorizava que os portais do Batuque fossem rebentados a pata de cavalo e os dirigentes e membros algemados nas delegacias como criminosos. Hoje tudo está mudando, mas persistem as discriminações de forma velada. A própria irmandade africanista em geral se identifica como católica ou espiritualista, poucos tendo a coragem moral da auto definição.  A respeitabilidade africanista somente acontecerá no dia em que houver conscientização e os dirigentes, principalmente, se prestigiarem e auxiliarem, pois com demanda, cada vez mais perderão o respeito e a força, que com certeza não nos levará a lugar algum.
Em Salvador predominou o grupo Iorubano, chamado após a Invasão Francesa, de Nagô. Aqui, o Bântu. Africanismo, Umbandismo e Kardecismo são correntes paralelas que trabalham exclusivamente com o Astral.
No Africanismo que é assunto predominante, neste momento, temos de considerar a presença de diferentes Nações, pois a África é um continente. Formado de países com características especiais cada um, inclusive com idioma diferente. Isto colocado, o Candomblé é parecido, mas não é o mesmo que o Batuque. Nem na língua, axós, danças, passos, rezas, liturgias ou mesmo Orixás. Ainda mantemos aqui no Estado os seguintes Rituais: Oió, Nagô, Gêge, Igexã e Cabinda. Há algumas casas de Candomblé, cultuando Angola ou Keto. O mais acentuado é o Gêge-Ijexá, nos “toques”.
Temos que nos preocupar com a provável falta de memória das nossas origens, da história de nossa Religião, pois, nomes, nações e ritos caíram no esquecimento das novas gerações.