INICIO NO RIO GRANDE DO SUL
Somente duzentos
anos após a Bahia ser centro político nacional é que começou
efetivamente o Rio Grande do Sul, sua colonização. Esta área foi
juridicamente inserida no território pátrio pelo Tratado de
Tordesilhas, antes contestada pela Coroa Espanhola.
Em 1737, ainda
éramos colônia de Portugal, o governo português para garantir a
posse dessas terras mandou edificar em região estratégica o forte
“Jesus, Maria e José”, aquartelando tropas. Dentre os operários
a maioria era composta de negros. Negros que mais tarde vieram a
trabalhar nos salgadouros e charqueadas de Pelotas.
Estamos neste ano
comemorando 230 anos desta presença africana aqui. 26 de Julho de
1783. Em fins do século 19 podiam-se contar com muitas Casas de
Religião(Ilês) então denominadas Casas de Pará. Após muitos anos
é que houve a substituição para Casas de Batuque... ou de Nação.
De 1895 a 1935 viveu em Porto Alegre um príncipe africano cujo nome
abrasileirado era Manuel Custódio, do Sapatá Erupê. O Príncipe de
Ubá. Ou simplesmente, Príncipe. Àquela época vivia-se um clima de
incertezas e conflitos entre as facções dos Ximangos e Maragatos.
Um Governador; Dr Augusto Borges de Medeiros, apesar de positivista,
reza a tradição, com testemunhos, mandou chama-lo e, juntamente com
o Tio Chico, do Moçambique, fizeram um assentamento para o Bará, no
Palácio e centro do Mercado. Também, Obrigação no lugar do antigo
patíbulo, frente a Igreja N. Sra das Dores. Ninguém precisa ler os
jornais da época para saber das estripulias policiais quanto ao
Candomblé; ou escutar aqui os contemporâneos do interventor Gen.
Daltro Filho, em 1937, que autorizava que os portais do Batuque
fossem rebentados a pata de cavalo e os dirigentes e membros
algemados nas delegacias como criminosos. Hoje tudo está mudando,
mas persistem as discriminações de forma velada. A própria
irmandade africanista em geral se identifica como católica ou
espiritualista, poucos tendo a coragem moral da auto definição.
A respeitabilidade africanista somente acontecerá no dia em que
houver conscientização e os dirigentes, principalmente, se
prestigiarem e auxiliarem, pois com demanda, cada vez mais perderão
o respeito e a força, que com certeza não nos levará a lugar
algum.
Em Salvador
predominou o grupo Iorubano, chamado após a Invasão Francesa, de
Nagô. Aqui, o Bântu. Africanismo, Umbandismo e Kardecismo são
correntes paralelas que trabalham exclusivamente com o Astral.
No Africanismo que
é assunto predominante, neste momento, temos de considerar a
presença de diferentes Nações, pois a África é um continente.
Formado de países com características especiais cada um, inclusive
com idioma diferente. Isto colocado, o Candomblé é parecido, mas
não é o mesmo que o Batuque. Nem na língua, axós, danças,
passos, rezas, liturgias ou mesmo Orixás. Ainda mantemos aqui no
Estado os seguintes Rituais: Oió, Nagô, Gêge, Igexã e Cabinda. Há
algumas casas de Candomblé, cultuando Angola ou Keto. O mais
acentuado é o Gêge-Ijexá, nos “toques”.
Temos que nos
preocupar com a provável falta de memória das nossas origens, da
história de nossa Religião, pois, nomes, nações e ritos caíram
no esquecimento das novas gerações.
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