Preto-velho na Umbanda são espíritos que se apresentam em
corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente
como: escravos que morreram no tronco ou de velhice e adoram contar as
histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes dão o amor, a fé e
a esperança aos “seus filhos”.
São entidades desencarnadas que tiveram pela sua idade
avançada, o poder e o segredo de viver longamente através da sua sabedoria,
apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida,
conseqüentemente são espíritos guias de elevada sabedoria geralmente ligados à
Confraria da Estrela Azulada dentro da Doutrina Umbandista do Tríplice Caminho
( AUMBANDHAM – alegria e pureza + fortaleza e atividade + sabedoria e
humildade), trazendo esperança e quietude aos anseios da consulência que os
procuram para amenizar suas dores, ligados a vibração de Omolu, são
mandingueiros poderosos, com seu olhar perscrutador sentado em seu banquinho,
fumando seu cachimbo, benzendo com seu ramo de arruda,rezando com seu terço e
aspergindo sua água fluidificada, demandam contra o baixo astral e suas
baforadas são para limpeza e harmonização das vibrações de seus médiuns e de
consulentes. Muitas vezes se utilizam de outros benzimentos, como os utilizados
pelo Pai José de Angola, que se utiliza de um preparado de “guiné” (pedaços de
caule em infusão com cachaça) que coloca nas mãos dos consulentes e solicita
que os mesmos passem na testa e nuca, enquanto fazem os seus pedidos
mentalmente; utiliza-se também de vinho moscatel, com o que constantemente
brinda com seus “filhos” em nome da vitória que está por vir.
São os Mestres da sabedoria e da humildade. Através de
suas várias experiências, em inúmeras vidas, entenderam que somente o Amor
constrói e une a todos, que a matéria nos permite existir e vivenciar fatos e
sensações, mas que a mesma não existe por si só, nós é que a criamos para estas
experiências, e que a realidade é o espírito. Com humildade, apesar de imensa
sabedoria, nos auxiliam nesta busca, com conselhos e vibrações de amor
incondicional. Também são Mestres dos elementos da natureza a qual utilizam em
seus benzimentos.
Os Pretos Velhos : Os espíritos da humildade, sabedoria e
paciência.
São entidades cultuadas pelas religiões
afro-brasileiras, em especial a Umbanda. Nos trabalhos espirituais desta
religião, os médiuns incorporam entidades que possuem níveis de evolução e
arquétipos próprios. Estas se dividem em três níveis:
As Crianças – chamadas eres, ou ibejis, representam a
pureza, a inocência, daí sua característica infantil.
Os Caboclos – onde se incluem os Boiadeiros, Caboclos e
Caboclas, representam a força, a coragem, portanto apresentam a forma do
adulto, do herói, do guerreiro, do índio ou soldado.
Os Pretos Velhos – incluem os Tios e Tias, Pais e Mães,
Avôs e Avós todos com a forma do idoso, do senhor de idade, do escravo. Sua
forma idosa representa à sabedoria, o conhecimento, a fé. A sua característica
de ex-escravo passa à simplicidade, a humildade, a benevolência e a crença no
“poder maior”, no Divino.
A grande maioria dos terreiros de Umbanda, assim também
suas entidades possuem a fé Cristã, ou seja, acreditam e cultuam Jesus (Oxalá).
Entidades aqui tomadas no sentido de espíritos que auxiliam aos encarnados, o
mesmo que guia de luz.
A característica desta linha seria o conselho, a
orientação aos consulentes devido a elevação espiritual de tais entidades é
como psicólogos, receitam auxílios, remédios e tratamentos caseiros para os
males do corpo e da alma.
Os Pretos Velhos seriam as entidades mais conhecidas
nacionalmente, mesmo por leigos que só ouviram falar destas religiões
Afro-Brasileiras. O Preto Velho é lembrado também pelo instrumento que normalmente
utiliza – o cachimbo.
Os nomes de alguns Pretos Velhos comuns de que se tem
notícia são Pai João, Pai Joaquim de angola, Pai José de Angola, Pai
Francisco,Vovó Maria conga, Vovó Catarina. Pai Jacó], Pai Benedito, Pai
Anastácio, Pai Jorge, Pai Luis, Mãe Maria, Mãe Cambina, Mãe Sete Serras, Mãe
Cristina, Mãe Mariana, Maria Conga, Vovó Rita e etc.
Na Umbanda os Pretos Velhos são homenageados no dia 13 de
maio, data que foi assinada a Lei Áurea, a abolição da escravatura.
Os pontos servem para saudar a presença das entidades,
diferentemente do que geralmente se pensa, não foram feitos para chamar, mas
sim para agradecer a presença, como um “Olá”.
Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo
povo negro (período de trevas no território brasileiro), a linha de preto velho
reflete a humildade, a paciência e a perseverança característica da atuação da
linha nominada de Yorima, cujo apresenta-se de pés no chão, cachimbo de barro
bem rústico, quando não cigarro de palha, café, e um fio de contas de rosários
(Lágrima de Nossa Senhora) e cruzes, figas e breves os quais utilizam
magisticamente em sua atuação astral.
Os pretos velhos apresentam-se com nomes que
individualizam sua atuação, conforme nação ou orixá regente, evidenciando sua
atuação propriamente dita.
Em sua linha de atuação eles apresentam-se pelos
seguintes codinomes, conforme acontecia na época da escravidão, onde os negros
eram nominados de acordo com a região de onde vieram:
Aruanda_ Ex: (Pai Francisco de Aruanda), refere-se a
pretos velhos ativos na linha de Oxalá. (OBS: Aruanda quer dizer céu);
D´Angola_ Ex: (Pai Francisco D´Angola), refere-se a
pretos velhos ativos na linha de Ogum;
Matas_ Ex: (Pai Francisco das Matas), refere-se a pretos
velhos ativos na linha de Oxóssi;
Calunga, Cemitério ou das Almas_ Ex: (Pai Francisco da
Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas), refere-se a
pretos velhos ativos na linha de Omolu/ Obaluayê;
Entre diversas outras nominações tais como: _Guiné,
Moçambique, da Serra, da Bahia, etc…
Muitos Pretos Velhos podem apresentar-se como Tio, Tia,
Pai, Mãe, Vó ou Vô, porém todos são Pretos Velhos. Na gira eles só comem o que
for feito de milho como por exemplo: Bolo de milho, pamonha, cural e etc.
“AS
SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO”.
Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho,
fumando o seu cachimbo um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados,
esquisitas lágrimas desciam-lhe pela face e… Foram sete.
A Primeira… A estes indiferentes que vem no Terreiro em
busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não
podem conceber;
A Segunda… A esses eternos duvidosos que acreditam,
desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que
seus próprios merecimentos negam;
A Terceira… Aos maus, aqueles que somente procuram a
umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar ao semelhante;
A Quarta… Aos frios e calculistas, que sabem que existe
uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não
conhecem a palavra gratidão;
A Quinta… Chega suave, tem o sorriso, o elogio da flor
dos lábios, mas se olharem bem seu semblantes verão escrito: creio na Umbanda,
nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se resolverem o meu caso ou me
curarem disto ou daquilo;
A Sexta… Aos fúteis, que vão de centro em centro, não
acreditando em nada, buscam aconchego, conchavos e seus olhos revelam um
interesse diferente;
A Sétima… Como foi grande e como deslizou pesada! Foi à
última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Aos médiuns
vaidosos (as), que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas.
Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas
precisando de amparo material e espiritual.