Mostrando postagens com marcador Nação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nação. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Obá a líder das mulheres


Oba é um dos “orixás femininos” sobre a qual recaiu uma espécie de esquecimento. Todavia, não obstante este fato, ela goza de enorme significado no universo das religiões de matriz africana. Muito pouco se tem escrito sobre a mesma, talvez por ela nos remeter a um mito original que se repete em várias culturas que fala “de um tempo em que o mundo era governado pelas mulheres.”
Em alguns terreiros de candomblé que ainda preservam a figura desse principio ancestral, Obá aparece como uma caçadora. Este fato faz alusão aos primórdios dos grupos humanos que tinham a atividade coletora como principal meio de sustento. Pena que ainda hoje quando retomamos esta imagem, logo nos vem à mente figuras masculinas, contrariando alguns mitos afro-brasileiros que trazem enfaticamente a presença de mulheres a frente de grupos que mais tarde darão origem às grandes civilizações. Em todos os mitos preservados no Brasil, Obá apresenta-se como caçadora ao lado de outras como Oyá e Iewá, daí a sua ligação direta com Odé, o caçador.

Outra imagem que reforça a antiguidade do seu culto é a de que tal orixá também é um rio do mesmo nome que ainda hoje corta uma parte do território iorubá. Conta-se que, após vários dias de batalha, estando os orixás liderados por Ogum e Oxalá, fragilizados pela guerra, Obá não se contentando em reunir apenas as mulheres de seu tempo, convocou todas as fêmeas do mundo animal. Ao ver Obá chegar rodeada de animais, aquela guerra foi vencida porque os inimigos fugiram de seus postos. Afirma-se nos terreiros que Obá mantém relações profundas com os animais, outra imagem antiga preservada do tempo em que os primeiros grupos humanos acreditavam encantá-los através de seus desenhos. O tempo em que os caçadores e caçadoras confundiam-se com a própria caça.

O culto a Obá é ainda hoje cercado de mistério. Mistério velado pelas cores escuras, representadas pelo vermelho encarnado que compõem seus elementos rituais nas poucas vezes em que aparece. Em alguns terreiros de tradição jeje nagô, a cantiga que diz “Obá, líder da sociedade Elekô comanda todas as mulheres guerreiras”, inicia a seqüência de músicas que dentre outras coisas, lembra a sua importância como representante das mulheres como caçadora, chamando para si funções sociais, políticas, culturais e religiosas. Em outras palavras, Obá, além de desempenhar um papel como desbravadora, cabia a ela defender o grupo, o protegendo em todos os sentidos, fomentar seu sustento e garantir a sua integridade política. Os caçadores eram ainda médicos, mágicos, verdadeiros entes divinos que sabiam que da relação de sua comunidade com os ancestrais dependia a sua permanência no mundo.

Daí a expressão: “Obá Elekô”. Elekô, a exemplo de muitas outras sociedades secretas, era uma espécie de “maçonaria de mulheres”, que dentre outras funções, zelava pela preservação da relação entre estas e a terra, para alguns grupos humanos, a grande mãe ancestral. Pena que apenas persistiu dentre nós, fragmentos de uma história que diz ter sido Obá enganada por uma das mulheres de Xangô que a teria induzido cortar uma de suas orelhas. Acho mesmo que a imagem da orelha cortada por Obá neste mito é menos importante do que aquilo que considero tema principal: o amor. Obá é símbolo do amor, esse princípio universal que por mais esforço já se tenha feito para traduzi-lo através das poesias, das filosofias, das religiões e recentemente da ciência, ainda é um mistério, talvez por ser ele um dos mais divinos.

Gosto muito da história que diz que certa ocasião muito triste por ter perdido um de seus filhos, uma mulher adentrou-se na mata e pediu a Obá que o trouxesse de volta. Adormecida na floresta, a jovem sonhou com sementes que lhes eram trazidas por um enorme pássaro. Acordada do sono, a mulher foi procurá-las. Chegando a beira de um rio, mal pode conter a sua alegria ao deparar-se com as sementes que a noite havia sonhado, ao mesmo tempo em que se deu conta de que, era ela mesma o pássaro que a noite havia visto em sonho. Das sementes plantadas pela mulher arrebentou uma planta que se transformou numa árvore de tronco escuro a partir da qual a humanidade melhor podia se representar, trazendo presente na forma de esculturas seus antepassados: o ébano.

Obá, dessa maneira é a “verdadeira deusa do ébano”, não somente da madeira escura, de brilho natural que tanto nos representa através das mãos dos artistas africanos, mas a verdadeira “deusa negra” presente em todas as mulheres, nossas irmãs e mães que hoje mais do que nunca vão ao enfrentamento para defender a sua dignidade através da garantia da integridade de seus filhos. Mulheres que embora tenham conquistado espaços nas sociedades contemporâneas ainda são aquelas mais estigmatizadas, violentadas e que tem seus direitos menos respeitados. Mulheres que como Obá amam, e por isso vão a luta pelos seus sonhos e são capazes não apenas de liderar quilombos, revoltas armadas, greves, movimentos sociais, mas grupos inteiros pois assim foi desde o inicio quando Obá saiu á frente convocando todas as mulheres para reconquistar o mundo.

Texto do Prof Vilson Caetano de Souza Junior: Antropólogo, Doutor em Ciênciais Sociais pela PUC-SP e Pós Doutor em Antropologia pela UNESP. Membro do Centro Atabaque de Cultura Negra e Teologia, Grupo de reflexão inter-disciplinar sobre Teologia e cultura fundado no início dos anos 90 em São Paulo. Professor da Escola de Nutrição da UFBA, autor de vários livros na área de Antropologia das Populações Afro-Brasileiras, retirado do site:http://egebeoba.blogspot.com.br/2011/05/oba-lider-das-mulheres-por-prof-vilson.html

sábado, 11 de janeiro de 2014

Sem água, sem folha, sem Orixá

Na cultura Yorùbá, no que tange a Ecologia e Cultura Religiosa, o homem está extremamente ligado à natureza, pois caso venha degradar qualquer componente do ecossistema natural irá assim causar um desiquilíbrio, conforme descrito no proverbio yorubano:“OMI KOSI, ÉWÈ KOSI, ÒRÌSÀ KOSI” (Sem água, sem folha, sem Orixá).

Hoje nossa vida depende do uso cada vez maior dos recursos naturais, estamos nos desenvolvendo tecnologicamente cada vez mais rápido, mas este desenvolvimento desenfreado nos causa impactos ambientais como a diminuição e esgotamento de recursos, e posteriormente impactos ambientais ao nosso ecossistema natural. Desta forma o “capitalismo” e “consumismo” passam a ser um dos grandes vilões contra o Equilíbrio Natural, ou seja, mais uma vez sofremos consequências por nossas próprias ações.
A falta d’água, a falta de alimento, falta de terra fértil, desastres naturais, doenças e pestes são dentre algumas formas em que Olorum e demais Òrìàs tentam reajustar e realinhar o equilíbrio natural. A degradação do planeta de forma progressiva não acarretará o fim do ayé (terra) e sim o fim da raça humana caso seja o desejo de nossos Òrìàs, ou seja, a elevação da temperatura da terra, a destruição de ecossistemas, o desaparecimento diário de milhares de espécies, a redução vertiginosa dos estoques de água potável são sintomas dessa crise ambiental global, um verdadeiro desafio para toda a humanidade.
Nossos ancestrais mais distantes foram os primeiros ecologistas da terra, com o passar dos anos e inserção da ideologia capitalista dentro dos cultos afro-religiosos, principalmente no ocidente, fez com que os valores de respeito e veneração à natureza fossem esquecidos.
Portanto hoje adotar práticas e atitudes sustentáveis é garantir que as gerações futuras possam também usufruir dos recursos naturais garantindo assim existência humana, como também terem a oportunidade de reverenciar nossos Òrìàs.
A sustentabilidade abrange vários níveis, desde a vizinhança local até o planeta inteiro. Para um empreendimento humano e até mesmo um terreiro, centro e Ilé Àṣẹ (Casa de Axé) ser sustentável, têm de ter em vista 04 requisitos básicos, como: atitudes ecologicamente corretas, economicamente viável, justiça social e promover a tolerância cultural.
Desta forma pense e reflita sobre como hoje você cultua seu Òrìà, entidades espirituais e ancestrais, pois cultua-los de maneira ambientalmente responsável é garantir a existência do àṣẹ, o equilíbrio do ecossistema, continuidade da raça humana e combater a intolerância religiosa.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Um príncipe negro morou em Porto Alegre



Vindo da tribo pré-colonial de Benis, dinastia de Glefê, da nação Jeje, do estado de Benin, na Nigéria, o lendário Príncipe Custódio do Xapanã Sakpatá Erupê  foi um dirigente tribal africano, exilado no Brasil, onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso. Seu nome tribal era Osuanlele Okizi Erupê, filho primogênito do Obá Ovonramwen. Ao chegar ao Brasil, adotou o nome de José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá (1832-1936)
São João Batista de Ajudá era uma fortaleza portuguesa no Daomé, tendo sido descoberta pelos portugueses quando navegavam na costa da Guiné. Era a capital do antigo Reino de Daomé, edificado numa vasta planície outrora muito povoada de cristãos negros.  O rei D Pedro II de Portugal mandou construir a referida fortaleza a fim de proteger o importante comercio que então os portugueses faziam na Costa da Mina. Foi ocupado pelos Ingleses, que ali estabeleceram importantes feitorias, que passaram a ser defendidas pelas guarnições das fortalezas antes pertencentes a Portugal, entre as quais a de São João Batista de Ajudá. Daomé foi colônia de vários países que se estabeleceram ao longo de seu território à margem do Atlântico, mas em 1876 a Grã-Bretanha terminou a ação que iniciara alguns anos antes, comprando toda a parte dos demais ocupantes, tornando, então, a Costa do Ouro inteiramente de propriedade dos ingleses, os quais também tiveram de entrar em acordo com os reis e príncipes negros que lá governavam.  Desta determinação britânica resultou a deportação de um rei africano, que somente em 1934 teve autorização para voltar a fim de passar sossegadamente o resto de seus dias na terra natal. Com outros governantes foram feitos acordos financeiros por eles aceitos a fim de ser evitado o massacre do seu povo. 

Entre estes estava o Príncipe de São João Batista de Ajudá, que deixou sua terra na Costa da Mina em 1862 quando tinha 31 anos de idade. Ninguém sabe como e em que circunstancias este príncipe governante deixou o Porto de Ajudá, que era perto da Costa do Ouro (hoje Republica de Gana), onde em algumas décadas anteriores, funcionava um dos principais locais de embarque de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos ingleses de que o seu povo não sofreria o que haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos alemães e franceses. Os portugueses antes poderosos tinham se contentado com uma parte do Guiné e com as ilhas de São Tome e Príncipe, cedendo as suas fortalezas. As condições para que o Príncipe de Ajudá não oferecesse qualquer resistência aos invasores, alem do respeito pela vida dos seus súditos, era a de que ele se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios.  E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde estivesse, por intermédio dos seus representantes consulares.

Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil como sua nova pátria, não se sabe.  Talvez por haver aqui grande numero de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina, os chamados “Pretos Mina” ou outra razão qualquer. Sua chegada a nossa terra foi assinada como acontecida em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá.Inicialmente, fixou-se em Rio Grande, mais tarde foi para o interior de Bagé, e já encontrou por lá rituais religiosos de origem africana, popularmente denominada de Batuque. Ele contribuiu sim, e muito para nossa religião, com seus contatos políticos, pois Custódio vinha de uma família nobre e sua saída da África foi política. Ele sabia como se destacar e fazia bom uso de sua sabedoria religiosa, o que ajudou a travar as perseguições às casas de culto africano e foi onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso. Ninguém sabe como e nem em que circunstâncias, ao final do século XIX este príncipe governante deixou São João Batista de Ajudá, no Daomé e por qual motivo o exilado escolheu o Brasil. Talvez por haver aqui grande número descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina.

De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901, com 70 anos de idade. O Príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres. Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado. As festas que promovia na data de seu aniversário duravam três dias com a casa sempre cheia de gente, de manhã à noite, quando se comia e se bebia do bom e do melhor, ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. Mensalmente o consulado britânico local entregava-lhe um saquinho cheio de libras esterlinas, cuja troca em mil-réis servia para manter a pequena corte da Rua Lopo, a família numerosa, os agregados, os empregados, e ainda serviam àqueles que o procuravam nos momentos de dificuldades financeiras.

No dia 26 de Maio de 1936 morreu o Príncipe Custódio aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito batuque e muitos trabalhos em intenção do morto.

Também foi Príncipe Custódio quem fez o assentamento do Bará no mercado público de Porto Alegre, onde todos os adeptos dos cultos africanos fazem reverência cada vez que terminam uma obrigação aos seus Orixás. Isso de certa forma indica que, se o mesmo não foi o introdutor do batuque em nosso estado, provavelmente tenha sido um dos primeiros.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Acherê

O Acherê é, em princípio, o mediador entre o Orixá e o iniciado, no transe de incorporação do Orixá no mesmo.

É uma possessão um tanto menos violenta da do Orixá inteiro, pois o Acherê é uma mistura Orixá-pessoa inconsciente.

O Acherê serve para apagar, com menos violência que o Orixá inteiro, da memória do iniciado, o que ocorreu durante o tempo em que o Orixá esteve incorporado nele.
O Acherê, devido a esta combinação Orixá-pessoa, tem a força e o conhecimento do Orixá congregado com a vivência - a maldade ou bondade da pessoa, - por isso, temos que ter o máximo de respeito e cuidado ao tratarmos com o Acherê, fazendo com que o mesmo, não venha, porventura, revoltar-se conosco.

O comportamento da pessoa incorporada, no estado de Acherê, em geral  é o de uma criança, pois, fala um tanto atrapalhado, outras vezes trocando o sim pelo não, o certo pelo errado e a frente pelas costas, na sua maneira de se expressar. É muito alegre e brincalhão, é bondoso e dócil, sorri com facilidade e chora com a mesma facilidade. Gosta de receber presentes e costuma fazer a mediação com o Orixá e a pessoa para resolver os problemas da mesma, em troca de guloseimas ou presentes, ou até mesmo, pela simples satisfação de ver a pessoa feliz.

Há pessoas que usam pedir e tratar dos assuntos relacionados com o Orixá, diretamente com o Acherê, pois, o Orixá é sério, sendo o Acherê mais acessível.

Há Babalorixás e Yalorixás que entendem não poder o Acherê comer ou beber, bem como, fazer as necessidades fisiológicas que o organismo requer. Entendemos que o Acherê pode beber tudo o que não contenha álcool, ou que vá de encontro à sua feitura e fundamento; podendo comer doces, frutas e determinadas comidas,  a critério do Babalorixá ou Yalorixá que deverá determinar de acordo com a feitura de cada Acherê. Quando a pessoa o vício de fumar, o Acherê certamente o fará, porém, quando a pessoa não o tiver, o mesmo não fumará ou não terá a obrigação de fazê-lo. Como o Acherê pode ficar no estado de incorporação durante horas, dias e até meses, entendemos que o mesmo pode fazer as necessidades fisiológicas da pessoas incorporada.


Não existem oferendas de frente  específicas para o Acherê, por isso, entendemos de oferecer doces e guloseimas ao mesmo para agradá-lo.  

domingo, 22 de setembro de 2013

Oxalá - pai de xangô



Sango, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus atos, recebendo queixas de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu filho era como era por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo.
Certo dia, estando Sango na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa. Obatalá e Odudua passaram por lá, viram o animal de Sango, e o levaram com eles. Ao sair, Sango percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e acolá. Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando consigo seu animal, o que deixou Sango ainda mais colérico.  Sango alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e Odudua. Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sangò kunlé, foribalé". Sango desarmado atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá.
Sango tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: "Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho".
Daquele dia em diante Sango submeteu-se às ordens do velho rei.

Como Oyá conquistou o fogo

no-tabuleiro

Orixá das cores vermelha e branca, Iansã é a regente do vento e dos temporais. Segundo uma antiga história da África, Xangô, marido de Iansã, certa vez a enviou para uma aventura especial na terra dos baribas. A missão era buscar um preparado que lhe daria o poder de cuspir fogo. Só que a guerreira, ousada como ela só, ao invés de obedecer ao marido, bebeu a alquimia mágica, adquirindo para si a capacidade de soltar labaredas de fogo pela boca.
Mais tarde, os africanos inventaram cerimônias que saudavam divindades como Iansã através do fogo. E, para isso, usavam o àkàrà, um algodão embebido em azeite de dendê, num ritual que lembra muito o preparo de um alimento bastante conhecido até os dias que correm: o acarajé. Na verdade, o acarajé que abastece o tabuleiro das baianas é o alimento sagrado de Iansã, também conhecida como Oyá.

O quitute tornou-se símbolo da culinária da Bahia e patrimônio cultural brasileiro. E, assim como ele, diversos elementos da tradição africana fazem parte do nosso cotidiano. Em sons, movimentos e cores, a arte encontrou na religião de origem africana seu sentido, sua essência, sua identidade.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Tradição do Bará do Mercado - Documentário Completo - Porto Alegre/RS

A Tradição do Bará do Mercado traz os relatos de 7 religiosos de matriz africana sobre o fundamento afro-religioso chamado O Bará do Mercado Público, a partir dos percursos e experiências urbanas desses negros na cidade de Porto Alegre. Esse documentário relata a importância da cultura negra em nosso estado, conta a história de um povo que atravessou o oceano sem perder a fé e esperança na sua crença. 





quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Oxalá


Considerado o pai maior, pai de todos os Orixás e de todos os mortais, de acordo com o culto praticado no Rio Grade do Sul (batuque). É o Orixá que exerce todo o conhecimento e a relação ao destino de todos os seres humanos. Oxalá é o mais respeitado Orixá nas nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o criador e administrador do universo. Quando moço, se manifesta em seu cavalo-de-santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em sua passagem velha, chega curvado. Pertence a Oxalá de Orumiláia a visão espiritual, como conseqüência do Ifá (jogo de búzios). Cultuamos Bocum, Olokum, Dakum, Jabokum e Oromiláia.




Elemento: Ar
Domínio: Espiritualidade
Instrumento: Oxalá novo: Espada e escudo. Oxalá velho: Opaxorô (cajado)
Cores: Branco
Saudação: Epa ô Baba
Dia da semana: Quarta-feira: Oxalá Moço e Domingo: Oxalá velho
Ebó: Canjica branca, merengue e mel.
No sincretismo, é associado a Jesus Cristo.

Iemanjá


Considerada a Mãe de todos os Orixás e consequentemente senhora da maternidade e das famílias. Divindade das águas salgadas dos mares e oceanos. Orixá que gera o movimento das águas, deusa da Pérola, protetora dos pescadores e marinheiros. Traz paz e harmonia para toda a família. Dona do pensamento, por isso é a ela que devemos recorrer para solucionar problemas de depressão e instabilidade emocional. Cultuamos Iemanjá Bomi e Bossi.

Elemento: Oceanos e mares
Domínio: Fertilidade – Pensamento
Instrumento: Abebê (espelho) 
Cores: Azul claro
Saudação: Omio Odo
Dia da semana: Sexta-Feira
Ebó: Canjica branca, cocada e mel. 
No sincretismo, Iemanjá é associada a Nossa Senhora dos Navegantes.

Oxum


Oxum Orixá feminino muito cultuado e lembrado por ter a fertilidade como característica principal. Senhora da Água doce, e do amor. Simboliza a riqueza, doçura, bondade e vaidade. É a mãe Orixá que zela pelas crianças desde o ventre da mãe carnal até os sete anos. Por ser a senhora da riqueza e do ouro, muito se recorre a mãe Oxum para crescimento financeiro e também causas amorosas. Cultuamos Oxum Pandá de Ibejis, Oxum Pandá, Demum e Docô.


Elemento: Água doce
Domínio: Rios, cachoeiras e lagos
Instrumento: Abebê (espelho)
Cores: Amarelo e dourado
Saudação: Ora Ie ieu
Dia da semana: Sábado
Ebó: Canjica amarela, quindins e mel.
No sincretismo, o Orixá é associado à Nossa Senhora das Graças, N.S. da Conceição, N.S. Aparecida, N.S do Carmo. 

Ibeijis


Ibejis são divindades gêmeas infantis, é um Orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.Divide-se em masculino e feminino, (gêmeos).Em Oyó cultua-se como Erês ligados a qualidade de Xangô e Oxum. Popularmente conhecido como Oxum e Xangô de Ibeji. Os Orixás gêmeos protegem os que ao nascer perderam algum irmão (gêmeo), ou tiveram problemas de parto. Em algumas casas de Candomblé e Batuque são referidos como erês (crianças) que se manifestam após a chegada do Orixá, chamados de Axe-erês ou axêros. Por serem gêmeos estão ligados ao princípio da dualidade e de tudo que vai nascer, brotar e criar.

Elemento: Ar
Domínio: Nascimento e infância
Cores: Multicolorido
Saudação: Bejiróó
Dia da semana: Domingo
Ebó: Amalá e canjica amarela com doces e brinquedos.  
No sincretismo, o Orixá é associado a São Cosme e Damião. 

Xapanã


Divindade das pragas, moléstias, pestes e enfermidades. Senhor da cura, é o médico do espírito, senhor da vassoura, que afasta as cargas negativas e as doenças – principalmente as espirituais. Orixá que não deve ser invocado em vão. Senhor da terra, que detém o controle dos mortos, do mistério e tudo que é oculto. Senhor da feitiçaria e da magia.


Elemento: Terra
Domínio: Doenças
Instrumento: Xaxará
Cores: Vermelho e preto, lilás
Saudação: Abawô
Dia da semana: Quarta-feira
Ebó: Amendoim, feijão preto e milho torrado.
No sincretismo, o Orixá é associado a São Roque, São Lázaro e Nosso Senhor dos Passos.  

Ossaim


Orixá das plantas medicinais e litúrgicas. Conhecedor do segredo de todas as folhas, utilizada nos rituais e na medicina natural. Sem folha, utilizadas nos rituais e na medicina natural. Sem folhas não há Orixá. Senhor da liturgia e regente do sagrado. Considerado o médico da nossa religião e também da moeda corrente. Vive nas florestas, onde nada por ser retirado sem a licença deste Orixá.  


Elemento: Matas
Domínio: Folhas e plantas em geral

Instumento: Cajado em forma de árvore, com um pássaro na ponta
Cores: Verde e amarelo
Saudação: Ewo Ewoö
Dia da semana: Segunda e quarta-feira
Ebó: Apetés de batata inglesa, linguiça e pipoca.
No sincretismo, o Orixá Ossaim é associado a São Cristovão. 

Obá


Orixá guerreira, forte e destemida, enérgica, muitas vezes mais forte que Orixás masculinos. Tímida e apaixonada, quando amando se anula em favor do amor. Senhora dos segredos, Orixá do corte, amores avassaladores e não correspondidos. Para muitos, Obá seria o lado masculino da mulher por seu estado bravo de ser.  


Elemento: Águas revoltas
Domínio: Navalha, Roda
Instrumento: Obé (espada)
Cores: Rosa
Saudação: Exó
Dia da semana: quarta-feira
Ebó: Feijão miúdo, salsa, abacaxi e epô
No sincretismo, o Orixá Obá é associada à Santa Catarina. 

Odé e Otim


Orixás da caça e da pesca, protetores dos animais, vivem nas matas, é um casal inseparável. Representantes da amizade verdadeira, de irmãos. São eles que trazem a fartura para a nossa mesa. Tem como características de personalidade a independência e liberdade, solidão e individualismo. Conhecem o manuseio das plantas nativas, porque aprenderam com Ossaim.


Elemento: Matas
Domínio: Caça

Instrumento: Ofá (arco) e Damatá (flecha)
Cores: Azul escuro (Odé) e azul com branco (Otim) - Cabinda
Saudação: Oke okebanbo
Dia da semana: Sexta-feira
Ebó: Feijão miúdo, inhame doce e chuleta de porco.
No sincretismo, os Orixás Odé e Otim são associados a São Sebastião e Santa Bernadete. 

Xangô


Senhor da Justiça, é o rei que cuida da administração do poder e principalmente é o Orixá responsável pelo cumprimento da justiça divina na terra. Determina o que é certo e o que é errado dentro da sua disposição imparcial, visando acima de tudo a verdade. Representa a autoridade constituída no Panteão africano. É uma figura sólida, tanto por esse papel como pelo elemento que ele é associado: a pedra. Xangô é íntegro, indivisível; com tudo isso, é evidente que certo autoritarismo faça parte de sua figura. É o Orixá que decide sobre o bem e o mal, possui capacidade de inspirar a aceitação inconteste de suas decisões, pela sua retidão e honestidade inquebrantáveis. As qualidades cultuadas deste orixá: Xangô de Ibejis, Xangô Aganjú e Xangô Agodô.

Elemento: Pedra
Domínio: Justiça, trovão e fogo

Intrumento: Oxé (machado de dois cortes)
Cores: Vermelho e Branco
Saudação: Kawô-Kabiesilé
Dia da semana: Terça-feira
Ebó: Amalá – Pirão, carne de peito, mostarda, banana e maçã
No sincretismo, o Orixá Xangô é associado a São João Batista, São Miguel Arcanjo e São Jerônimo. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Iansã


Orixá dos ventos e tempestades, a mais guerreira dos Orixás femininos por sua tempestividade. Senhora da aliança, da alegria e da felicidade. Dona do teto e da panela, senhora dos eguns e do movimento. Deusa da espada de fogo, dona das paixões avassaladoras, Orixá do fogo, guerreira e poderosa, senhora dos cemitérios. Na nação (batuque) cultua-se Iansã Dirã, Timboá e Niqué.

Elemento: Vento
Domínio: Fogo, raios e tempestades.

Instrumento: Eruexim (chibata feita com rabo de cavalo) e Obé (espada)
Cores: Branco e vermelho
Saudação: Epaieio
Dia da semana: Terça-feira
Ebó: pipoca e batata doce
No sincretismo, é associada à Santa Bárbara e Santa Joana D’arc. 

Ogum


Orixá das lutas e das guerras, Orixá que vence demanda, desbravador que traz vitórias. Senhor dos metais, dono do Obé (faca), do ferro e do aço. É o viajante desbravador de novas frentes e caminhos. Senhor das estradas e caminhos. Padroeiro dos militares, agricultores e dos ferreiros. Dono das armas, regente da tecnologia.

Ogum Avagã: Guarnece junto com o Bará Lodê as entradas dos Ilês.
Ogum Adiolá: Ogum que responde na praia.
Ogum Onira: Responde nos campos e nos matos


Elemento: Metal (ferro e aço)
Domínio: Guerra, máquinas e agricultura

Instrumento: Obé (espada)
Cores: Vermelho e verde
Saudação: Ogunhê
Dia da semana – Quinta-feira
Ebó: Costela assada e inhame azedo (epô)
No sincretismo, o Orixá Ogum, é associado a São Jorge