segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Um príncipe negro morou em Porto Alegre



Vindo da tribo pré-colonial de Benis, dinastia de Glefê, da nação Jeje, do estado de Benin, na Nigéria, o lendário Príncipe Custódio do Xapanã Sakpatá Erupê  foi um dirigente tribal africano, exilado no Brasil, onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso. Seu nome tribal era Osuanlele Okizi Erupê, filho primogênito do Obá Ovonramwen. Ao chegar ao Brasil, adotou o nome de José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá (1832-1936)
São João Batista de Ajudá era uma fortaleza portuguesa no Daomé, tendo sido descoberta pelos portugueses quando navegavam na costa da Guiné. Era a capital do antigo Reino de Daomé, edificado numa vasta planície outrora muito povoada de cristãos negros.  O rei D Pedro II de Portugal mandou construir a referida fortaleza a fim de proteger o importante comercio que então os portugueses faziam na Costa da Mina. Foi ocupado pelos Ingleses, que ali estabeleceram importantes feitorias, que passaram a ser defendidas pelas guarnições das fortalezas antes pertencentes a Portugal, entre as quais a de São João Batista de Ajudá. Daomé foi colônia de vários países que se estabeleceram ao longo de seu território à margem do Atlântico, mas em 1876 a Grã-Bretanha terminou a ação que iniciara alguns anos antes, comprando toda a parte dos demais ocupantes, tornando, então, a Costa do Ouro inteiramente de propriedade dos ingleses, os quais também tiveram de entrar em acordo com os reis e príncipes negros que lá governavam.  Desta determinação britânica resultou a deportação de um rei africano, que somente em 1934 teve autorização para voltar a fim de passar sossegadamente o resto de seus dias na terra natal. Com outros governantes foram feitos acordos financeiros por eles aceitos a fim de ser evitado o massacre do seu povo. 

Entre estes estava o Príncipe de São João Batista de Ajudá, que deixou sua terra na Costa da Mina em 1862 quando tinha 31 anos de idade. Ninguém sabe como e em que circunstancias este príncipe governante deixou o Porto de Ajudá, que era perto da Costa do Ouro (hoje Republica de Gana), onde em algumas décadas anteriores, funcionava um dos principais locais de embarque de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a promessa solene dos ingleses de que o seu povo não sofreria o que haviam sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos alemães e franceses. Os portugueses antes poderosos tinham se contentado com uma parte do Guiné e com as ilhas de São Tome e Príncipe, cedendo as suas fortalezas. As condições para que o Príncipe de Ajudá não oferecesse qualquer resistência aos invasores, alem do respeito pela vida dos seus súditos, era a de que ele se exilasse e jamais voltasse aos seus domínios.  E, como parte do convênio, a Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer parte do mundo onde estivesse, por intermédio dos seus representantes consulares.

Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil como sua nova pátria, não se sabe.  Talvez por haver aqui grande numero de descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina, os chamados “Pretos Mina” ou outra razão qualquer. Sua chegada a nossa terra foi assinada como acontecida em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá.Inicialmente, fixou-se em Rio Grande, mais tarde foi para o interior de Bagé, e já encontrou por lá rituais religiosos de origem africana, popularmente denominada de Batuque. Ele contribuiu sim, e muito para nossa religião, com seus contatos políticos, pois Custódio vinha de uma família nobre e sua saída da África foi política. Ele sabia como se destacar e fazia bom uso de sua sabedoria religiosa, o que ajudou a travar as perseguições às casas de culto africano e foi onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso. Ninguém sabe como e nem em que circunstâncias, ao final do século XIX este príncipe governante deixou São João Batista de Ajudá, no Daomé e por qual motivo o exilado escolheu o Brasil. Talvez por haver aqui grande número descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina.

De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em 1901, com 70 anos de idade. O Príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens e cinco mulheres. Seus conhecimentos de idioma português não eram muito corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado. As festas que promovia na data de seu aniversário duravam três dias com a casa sempre cheia de gente, de manhã à noite, quando se comia e se bebia do bom e do melhor, ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta e duas horas. Mensalmente o consulado britânico local entregava-lhe um saquinho cheio de libras esterlinas, cuja troca em mil-réis servia para manter a pequena corte da Rua Lopo, a família numerosa, os agregados, os empregados, e ainda serviam àqueles que o procuravam nos momentos de dificuldades financeiras.

No dia 26 de Maio de 1936 morreu o Príncipe Custódio aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito batuque e muitos trabalhos em intenção do morto.

Também foi Príncipe Custódio quem fez o assentamento do Bará no mercado público de Porto Alegre, onde todos os adeptos dos cultos africanos fazem reverência cada vez que terminam uma obrigação aos seus Orixás. Isso de certa forma indica que, se o mesmo não foi o introdutor do batuque em nosso estado, provavelmente tenha sido um dos primeiros.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O Cuidar no Terreiro


O documentário trata da promoção da saúde, do direito à saúde, do respeito às orientações sexuais e o acolhimento às pessoas vivendo com Aids nos terreiros. Fruto de parceria do Ministério da Saúde com a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras, o filme aborda a participação das lideranças de terreiros como controle social. Demonstrando o quão democrática são as relgiões afro-brasileiras.

domingo, 1 de dezembro de 2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Xangô, o vencedor


Acherê

O Acherê é, em princípio, o mediador entre o Orixá e o iniciado, no transe de incorporação do Orixá no mesmo.

É uma possessão um tanto menos violenta da do Orixá inteiro, pois o Acherê é uma mistura Orixá-pessoa inconsciente.

O Acherê serve para apagar, com menos violência que o Orixá inteiro, da memória do iniciado, o que ocorreu durante o tempo em que o Orixá esteve incorporado nele.
O Acherê, devido a esta combinação Orixá-pessoa, tem a força e o conhecimento do Orixá congregado com a vivência - a maldade ou bondade da pessoa, - por isso, temos que ter o máximo de respeito e cuidado ao tratarmos com o Acherê, fazendo com que o mesmo, não venha, porventura, revoltar-se conosco.

O comportamento da pessoa incorporada, no estado de Acherê, em geral  é o de uma criança, pois, fala um tanto atrapalhado, outras vezes trocando o sim pelo não, o certo pelo errado e a frente pelas costas, na sua maneira de se expressar. É muito alegre e brincalhão, é bondoso e dócil, sorri com facilidade e chora com a mesma facilidade. Gosta de receber presentes e costuma fazer a mediação com o Orixá e a pessoa para resolver os problemas da mesma, em troca de guloseimas ou presentes, ou até mesmo, pela simples satisfação de ver a pessoa feliz.

Há pessoas que usam pedir e tratar dos assuntos relacionados com o Orixá, diretamente com o Acherê, pois, o Orixá é sério, sendo o Acherê mais acessível.

Há Babalorixás e Yalorixás que entendem não poder o Acherê comer ou beber, bem como, fazer as necessidades fisiológicas que o organismo requer. Entendemos que o Acherê pode beber tudo o que não contenha álcool, ou que vá de encontro à sua feitura e fundamento; podendo comer doces, frutas e determinadas comidas,  a critério do Babalorixá ou Yalorixá que deverá determinar de acordo com a feitura de cada Acherê. Quando a pessoa o vício de fumar, o Acherê certamente o fará, porém, quando a pessoa não o tiver, o mesmo não fumará ou não terá a obrigação de fazê-lo. Como o Acherê pode ficar no estado de incorporação durante horas, dias e até meses, entendemos que o mesmo pode fazer as necessidades fisiológicas da pessoas incorporada.


Não existem oferendas de frente  específicas para o Acherê, por isso, entendemos de oferecer doces e guloseimas ao mesmo para agradá-lo.  

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Negro no Rio Grande do Sul


Ao contrário do que muitos pensam os afro-descendentes também contribuíram para a formação histórica, social e econômica do Rio Grande do Sul. A participação dos negros na formação histórica gaúcha não mereceu ainda as atenções devidas da historiografia, que por muitos anos negou a presença destes em território gaúcho, alegando ter a província do Rio Grande do Sul uma formação histórica diferenciada do restante do Brasil.
A presença de afro-brasileiros no extremo sul do país é anterior à fundação oficial do Rio Grande do Sul lusitano, ocorrida no século XVIII. Diferente de outras etnias, os negros tiveram sua presença no território gaúcho pela coerção, ou seja, foram trazidos à força como escravos para trabalharem na província gaúcha assim como já o faziam no restante do território brasileiro.

A participação dos negros no Rio Grande do Sul pode ser comprovada através dos vários censos realizados no século passado. O censo de 1814 nos apresenta uma população significativa de afro-brasileiros, em torno de 36,7%, contra 45,6% de brancos. Os dados demonstram também ser Pelotas a cidade gaúcha com maior concentração populacional de afro-brasileiros, onde estes ultrapassam os 60% da população contra 29,4% de brancos. O caso de Pelotas ter a maior concentração de escravos se justifica devido ao fato de ser a mesma o grande centro econômico gaúcho do século XIX, o que se deu pela enorme concentração das charqueadas na região. As charqueadas foram a principal atividade econômica gaúcha no século passado. Responsáveis por mais de 85% das exportações gaúchas, como também pela maior concentração de escravos em estabelecimentos produtivos no Rio Grande do Sul, tivemos estabelecimentos charqueadores com mais de cem escravos, o que demonstra a importância da escravidão negra para a economia gaúcha.

Não foi somente na economia que os negros se destacaram no Rio Grande do Sul. Eles também tiveram participação efetiva nos confrontos bélicos gaúchos, onde se destacaram principalmente na Revolução Farroupilha. A participação dos afro-descendentes deu-se através dos escravos que, em troca de sua carta de alforria, iam para frente de batalha lutar por uma causa que não era sua, mas sim dos grandes latifundiários gaúchos descontentes com o governo central.

 Os negros "farroupilhas" foram chamados de lanceiros negros e participaram do movimento até o extermínio deles próprios, extermínio este fruto de uma traição farroupilha: os lanceiros tornam-se um empecilho para o acordo de paz entre farroupilhas e imperiais, pois os imperiais não aceitavam que fossem dadas as alforrias prometidas aos escravos, como fora prometido pelos rebeldes. Sendo assim, era necessário, achar uma solução para os lanceiros que não fossem a sua liberdade prometida. A solução encontrada foi a seguinte:
"Em tratativas firmadas entre Duque de Caxias e David Canabarro, ficou traçada a sorte dos lanceiros: Caxias ordenou que o coronel Francisco Pedro de Abreu atacasse o acampamento farroupilha no dia 14/11/1844, e que o mesmo não temesse o resultado do confronto, pois a infantaria farroupilha, composta por escravos, estaria desarmada, por ordem de Canabarro, conforme o "acordo secreto" entre ambos. Desta forma, com o auxílio de Canabarro, a infantaria negra foi covardemente massacrada". Este fato dá a dimensão do tratamento dispensado aos negros do Rio Grande do Sul.

Os escravos gaúchos reagiram às brutalidades senhoriais através de fugas, assassinatos, revoltas, insurreições, etc. Se no Rio Grande do Sul nenhum quilombo alcançou a dimensão do quilombo dos Palmares, não significa que estes não tenham sido importantes também aqui. Contudo o quilombo de Manoel Padeiro, que talvez tenha sido o mais importante quilombo gaúcho. O quilombo do Padeiro apresentava uma estrutura militar e uma rígida hierarquia e, devido a suas ações guerrilheiras, causava grande pânico na população local, assim como preocupação nas autoridades constituídas que, com razão, temiam, ataques dos quilombos.

Assim sendo, as fugas, as revoltas e os quilombos permaneceram na província gaúcha até 1888 quando da promulgação da Lei Áurea, lei esta que assinalou o termino da escravidão legal, mas não o fim das lutas do negro.

sábado, 5 de outubro de 2013

Quem não pode com mandinga, não carrega patuá


Mandinga significa magia, simpatia ou feitiço. Ela pode ser para cura, abertura de caminhos, para ajudar a conseguir um emprego, enfim... Nos fundamentos da verdadeira Umbanda ela sempre é feita para o bem e pelo bem.

Mas esse termo é muito antigo e originalmente tinha outro significado.
Você já ouviu a expressão “quem não pode com mandinga, não carrega patuá”?

Ela surgiu no tempo da escravidão, onde os Mandingas eram um grupo (ou nação) africano do norte, próximo aos árabes, que acabou por se tornar muçulmano. Com o tráfico de escravos, muitos negros Mandingas vieram parar nas Américas. Porém, os Mandingas eram escravos que sabiam ler e escrever em árabe, além de conhecer a matemática melhor do que os brancos, seus senhores, e este estado superior de cultura de um determinado grupo negro fez com que fossem tidos como feiticeiros, passando a expressão Mandinga a sinônimo de feitiço. Por outro lado, os negros que praticavam o culto aos Orixás eram vistos como infiéis pelos negros muçulmanos.

O branco, aproveitando-se dessa rivalidade e confiando aos mandingas funções superiores que os demais, faziam a animosidade entre eles crescer. Os mandingas não eram obrigados pelos brancos a ingerir restos de comida e até mesmo permitiam que estes trouxessem trechos do Alcorão encerrados em pequenos saquinhos de pele pendurados ao pescoço, o famoso Patuá. Os Mandingas eram, em geral, os negros que ocupavam a função de caçadores de escravos fujões (capitães-do-mato).

Quando um negro pretendia fugir, além de se preparar para lutar sem armas através da capoeira e do maculelê, ele deixava o cabelo crescer e pendurava ao pescoço um Patuá, fazendo-se passar por um Mandinga para não ser perseguido. Mas se um verdadeiro Mandinga o abordasse e ele não soubesse responder em árabe, descarregaria todo seu furor nesse infeliz negro fujão. Daí nasceu a expressão “quem não pode com mandinga, não carrega patuá”.

Mais tarde o hábito de utilizar patuás entre negros foi se generalizando, pois estes acreditavam que o poder dos Mandingas era devido, em grande parte, aos poderes do Patuá.

MAS, AFINAL, O QUE É PATUÁ?

O patuá é um objeto consagrado que traz em si o axé, a força mágica do Orixá ou Guia de luz, a quem ele é consagrado.

Salve os Pretos-Velhos!
Saravá!

Preto-velho na umbanda

Preto-velho na Umbanda são espíritos que se apresentam em corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente como: escravos que morreram no tronco ou de velhice e adoram contar as histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes dão o amor, a fé e a esperança aos “seus filhos”.


São entidades desencarnadas que tiveram pela sua idade avançada, o poder e o segredo de viver longamente através da sua sabedoria, apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida, conseqüentemente são espíritos guias de elevada sabedoria geralmente ligados à Confraria da Estrela Azulada dentro da Doutrina Umbandista do Tríplice Caminho ( AUMBANDHAM – alegria e pureza + fortaleza e atividade + sabedoria e humildade), trazendo esperança e quietude aos anseios da consulência que os procuram para amenizar suas dores, ligados a vibração de Omolu, são mandingueiros poderosos, com seu olhar perscrutador sentado em seu banquinho, fumando seu cachimbo, benzendo com seu ramo de arruda,rezando com seu terço e aspergindo sua água fluidificada, demandam contra o baixo astral e suas baforadas são para limpeza e harmonização das vibrações de seus médiuns e de consulentes. Muitas vezes se utilizam de outros benzimentos, como os utilizados pelo Pai José de Angola, que se utiliza de um preparado de “guiné” (pedaços de caule em infusão com cachaça) que coloca nas mãos dos consulentes e solicita que os mesmos passem na testa e nuca, enquanto fazem os seus pedidos mentalmente; utiliza-se também de vinho moscatel, com o que constantemente brinda com seus “filhos” em nome da vitória que está por vir.


São os Mestres da sabedoria e da humildade. Através de suas várias experiências, em inúmeras vidas, entenderam que somente o Amor constrói e une a todos, que a matéria nos permite existir e vivenciar fatos e sensações, mas que a mesma não existe por si só, nós é que a criamos para estas experiências, e que a realidade é o espírito. Com humildade, apesar de imensa sabedoria, nos auxiliam nesta busca, com conselhos e vibrações de amor incondicional. Também são Mestres dos elementos da natureza a qual utilizam em seus benzimentos.

Os Pretos Velhos : Os espíritos da humildade, sabedoria e paciência.
São entidades cultuadas pelas religiões afro-brasileiras, em especial a Umbanda. Nos trabalhos espirituais desta religião, os médiuns incorporam entidades que possuem níveis de evolução e arquétipos próprios. Estas se dividem em três níveis:

As Crianças – chamadas eres, ou ibejis, representam a pureza, a inocência, daí sua característica infantil.

Os Caboclos – onde se incluem os Boiadeiros, Caboclos e Caboclas, representam a força, a coragem, portanto apresentam a forma do adulto, do herói, do guerreiro, do índio ou soldado.

Os Pretos Velhos – incluem os Tios e Tias, Pais e Mães, Avôs e Avós todos com a forma do idoso, do senhor de idade, do escravo. Sua forma idosa representa à sabedoria, o conhecimento, a fé. A sua característica de ex-escravo passa à simplicidade, a humildade, a benevolência e a crença no “poder maior”, no Divino.

A grande maioria dos terreiros de Umbanda, assim também suas entidades possuem a fé Cristã, ou seja, acreditam e cultuam Jesus (Oxalá). Entidades aqui tomadas no sentido de espíritos que auxiliam aos encarnados, o mesmo que guia de luz.
A característica desta linha seria o conselho, a orientação aos consulentes devido a elevação espiritual de tais entidades é como psicólogos, receitam auxílios, remédios e tratamentos caseiros para os males do corpo e da alma.
Os Pretos Velhos seriam as entidades mais conhecidas nacionalmente, mesmo por leigos que só ouviram falar destas religiões Afro-Brasileiras. O Preto Velho é lembrado também pelo instrumento que normalmente utiliza – o cachimbo.

Os nomes de alguns Pretos Velhos comuns de que se tem notícia são Pai João, Pai Joaquim de angola, Pai José de Angola, Pai Francisco,Vovó Maria conga, Vovó Catarina. Pai Jacó], Pai Benedito, Pai Anastácio, Pai Jorge, Pai Luis, Mãe Maria, Mãe Cambina, Mãe Sete Serras, Mãe Cristina, Mãe Mariana, Maria Conga, Vovó Rita e etc.
Na Umbanda os Pretos Velhos são homenageados no dia 13 de maio, data que foi assinada a Lei Áurea, a abolição da escravatura.

Os pontos servem para saudar a presença das entidades, diferentemente do que geralmente se pensa, não foram feitos para chamar, mas sim para agradecer a presença, como um “Olá”.
Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo povo negro (período de trevas no território brasileiro), a linha de preto velho reflete a humildade, a paciência e a perseverança característica da atuação da linha nominada de Yorima, cujo apresenta-se de pés no chão, cachimbo de barro bem rústico, quando não cigarro de palha, café, e um fio de contas de rosários (Lágrima de Nossa Senhora) e cruzes, figas e breves os quais utilizam magisticamente em sua atuação astral.

Os pretos velhos apresentam-se com nomes que individualizam sua atuação, conforme nação ou orixá regente, evidenciando sua atuação propriamente dita.
Em sua linha de atuação eles apresentam-se pelos seguintes codinomes, conforme acontecia na época da escravidão, onde os negros eram nominados de acordo com a região de onde vieram:


Congo_ Ex: (Pai Francisco do Congo), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Iansã;
Aruanda_ Ex: (Pai Francisco de Aruanda), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxalá. (OBS: Aruanda quer dizer céu);
D´Angola_ Ex: (Pai Francisco D´Angola), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Ogum;
Matas_ Ex: (Pai Francisco das Matas), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Oxóssi;
Calunga, Cemitério ou das Almas_ Ex: (Pai Francisco da Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas), refere-se a pretos velhos ativos na linha de Omolu/ Obaluayê;
Entre diversas outras nominações tais como: _Guiné, Moçambique, da Serra, da Bahia, etc…

Muitos Pretos Velhos podem apresentar-se como Tio, Tia, Pai, Mãe, Vó ou Vô, porém todos são Pretos Velhos. Na gira eles só comem o que for feito de milho como por exemplo: Bolo de milho, pamonha, cural e etc.

“AS SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO”.


Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, fumando o seu cachimbo um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados, esquisitas lágrimas desciam-lhe pela face e… Foram sete.
A Primeira… A estes indiferentes que vem no Terreiro em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não podem conceber;
A Segunda… A esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que seus próprios merecimentos negam;
A Terceira… Aos maus, aqueles que somente procuram a umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar ao semelhante;
A Quarta… Aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não conhecem a palavra gratidão;
A Quinta… Chega suave, tem o sorriso, o elogio da flor dos lábios, mas se olharem bem seu semblantes verão escrito: creio na Umbanda, nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se resolverem o meu caso ou me curarem disto ou daquilo;
A Sexta… Aos fúteis, que vão de centro em centro, não acreditando em nada, buscam aconchego, conchavos e seus olhos revelam um interesse diferente;
A Sétima… Como foi grande e como deslizou pesada! Foi à última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Aos médiuns vaidosos (as), que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual.

domingo, 22 de setembro de 2013

Oxalá - pai de xangô



Sango, filho de Obatalá, era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca, queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus atos, recebendo queixas de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu filho era como era por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia, conseguiria dominá-lo.
Certo dia, estando Sango na casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa. Obatalá e Odudua passaram por lá, viram o animal de Sango, e o levaram com eles. Ao sair, Sango percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e acolá. Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam levando consigo seu animal, o que deixou Sango ainda mais colérico.  Sango alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e Odudua. Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sangò kunlé, foribalé". Sango desarmado atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá.
Sango tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: "Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho".
Daquele dia em diante Sango submeteu-se às ordens do velho rei.

Como Oyá conquistou o fogo

no-tabuleiro

Orixá das cores vermelha e branca, Iansã é a regente do vento e dos temporais. Segundo uma antiga história da África, Xangô, marido de Iansã, certa vez a enviou para uma aventura especial na terra dos baribas. A missão era buscar um preparado que lhe daria o poder de cuspir fogo. Só que a guerreira, ousada como ela só, ao invés de obedecer ao marido, bebeu a alquimia mágica, adquirindo para si a capacidade de soltar labaredas de fogo pela boca.
Mais tarde, os africanos inventaram cerimônias que saudavam divindades como Iansã através do fogo. E, para isso, usavam o àkàrà, um algodão embebido em azeite de dendê, num ritual que lembra muito o preparo de um alimento bastante conhecido até os dias que correm: o acarajé. Na verdade, o acarajé que abastece o tabuleiro das baianas é o alimento sagrado de Iansã, também conhecida como Oyá.

O quitute tornou-se símbolo da culinária da Bahia e patrimônio cultural brasileiro. E, assim como ele, diversos elementos da tradição africana fazem parte do nosso cotidiano. Em sons, movimentos e cores, a arte encontrou na religião de origem africana seu sentido, sua essência, sua identidade.

Hierarquia dos Exus


sábado, 21 de setembro de 2013

Exus




Exus de Quimbanda, de acordo com a crença religiosa, são espíritos de diversos níveis de luz que incorporam nos médiuns de Quimbanda. Os Exus de Quimbanda são antigos espíritos de bruxos e sacerdotes de todas as partes do mundo como Brasil, Egito, Europa, África, até mesmo da cultura indígena. São espíritos de pessoas que fizeram parte do culto em algum momento no passado. E também existem os Exus que nasceram no sistema de formação do universo. Não confundir o Exu de Quimbanda com o Orixá Exu. Na Quimbanda não existe culto a Orixás, e Exu na Quimbanda, não é um Mensageiro dos Orixás ou um Orixá.

Natureza e incorporação de Exus

Encontramos aqueles que crêem que os Exus são entidades (espíritos) que só fazem o bem, e outros que crêem que os Exus podem também ser neutros ou maus. Observa-se que, muitas vezes, os médiuns dos terreiros de Umbanda - e mesmo de Candomblé - não têm uma idéia muito clara da natureza da(s) entidade(s), quase sempre, por falta de estudo da religião. Na verdade, essa Entidade não deve ser confundida com os (obsessores), apesar de transitar na mesma Linha das Almas, sendo o seu dia, a segunda-feira, ficando sob o seu controle e comandando os espíritos atrasadíssimos na evolução e que são orientados pelos Exus para que consigam evoluir através de trabalhos espirituais feitos para o bem.

Sua função mítica é a de mensageiro , aquele que liga os dois mundos.  O único contato direto entre essas diferentes categorias só acontece no momento da incorporação, quando o corpo do ser humano é colegado ao seu Exu por meio dos chacras. É ele quem traduz as linguagens humanas para os seres superiores. Por isso, é imprescindível a sua presença para a realização de qualquer trabalho, porque é o único que efetivamente assegura em uma dimensão o que está acontecendo na outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estão sendo cultuados. Possuem a função também de proteger o terreiro e seus médiuns.
O poder de comunicar e ligar, confere a ele também o oposto, a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se possibilita a construção, também permite a destruição. Esse poder foi traduzido mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, cemitérios, passagens, os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das porteiras, portas de entradas e saídas.

A Umbanda considera os Exus não como deuses, mas como uma entidade em evolução que busca, através da caridade, a evolução. Em síntese, o grande agente mágico do equilíbrio universal. Também é o guardião dos trabalhos de magia, onde opera com forças do astral. E também são considerados como "policiais", "sentinelas", "seguranças" que agem pela Lei, no submundo do "crime" organizado e principalmente policiando o Médium no seu dia-a-dia. As "equipes" de Exus sempre estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela.
Obedecem à severa hierarquia nos comandos do astral se classificando também como Exus cruzados, espadados e coroados.
Esses espíritos utilizam-se de energias mais "densas" (materiais). Nota-se que essas entidades podem realizar trabalhos benignos, como curas, orientação em todos os setores da vida pessoal dos consulentes e praticar a caridade em geral. A condição de Exu para um espírito é transitória, podendo este, uma vez redimidas suas dívidas perante a Lei Divina, seguir no mundo dos espíritos em escalas mais elevadas de evolução.
Os Exus são confundidos com os Kiumbas, que são espíritos trevosos ou obsessores, são espíritos que se encontram desajustados perante à Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças, calcadas no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os "recupere" da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). Vivem no baixo astral, onde as vibrações energéticas são densas. Este baixo astral é uma enorme egrégora formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores, raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam esta faixa vibracional e os Kiumbas se apegam nisso, já que sentem-se mais fortalecidos.

Em seus trabalhos de magia, Exu corta demandas, desfaz trabalhos malignos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos obscuros, sem luz (Kiumbas). Ajudam a limpar, retirando os espíritos obsessores e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
A Doutrina Espírita os trata como espíritos imperfeitos, almas dos homens que, por terem cometido crimes perante a Lei Divina, são submetidos a difíceis provas, cujo único objetivo é o de que possam compreender a extensão do mal que praticaram em outras vidas. Alguns espíritos, que usam indevidamente o nome de Exu, procuram realizar trabalhos de magia dirigida contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É justamente contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exu, atraindo os obsessores, cegos ainda, e procurando trazê-los para suas falanges que trabalham visando à própria evolução.


O chamado “Exu Pagão” é tido como o marginal da espiritualidade, aquele sem luz, sem conhecimento da evolução, trabalhando na magia para o mal, embora possa ser despertado para evoluir de condição. Já o Exu Batizado, é uma alma humana já sensibilizada, evoluindo e, trabalhando para o bem, dentro do reino da Quimbanda, por ser força que ainda se ajusta ao meio, nele podendo intervir, como um policial que penetra nos reinos da marginalidade.

Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exu com um espíritos zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que recebem a denominação de Kiumbas e que, às vezes, tentam mistificar, iludindo os presentes, usando nomes de "Guias". Para evitar essa confusão, não damos[quem?] aos chamados “Exus Pagãos” a denominação de “Exu”, classificando-os apenas como Kiumbas. E reservamos para os ditos “Exus Batizados” a denominação de “Exu”.

Laroyê Exu 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A Tradição do Bará do Mercado - Documentário Completo - Porto Alegre/RS

A Tradição do Bará do Mercado traz os relatos de 7 religiosos de matriz africana sobre o fundamento afro-religioso chamado O Bará do Mercado Público, a partir dos percursos e experiências urbanas desses negros na cidade de Porto Alegre. Esse documentário relata a importância da cultura negra em nosso estado, conta a história de um povo que atravessou o oceano sem perder a fé e esperança na sua crença. 





quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Oxalá


Considerado o pai maior, pai de todos os Orixás e de todos os mortais, de acordo com o culto praticado no Rio Grade do Sul (batuque). É o Orixá que exerce todo o conhecimento e a relação ao destino de todos os seres humanos. Oxalá é o mais respeitado Orixá nas nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o criador e administrador do universo. Quando moço, se manifesta em seu cavalo-de-santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em sua passagem velha, chega curvado. Pertence a Oxalá de Orumiláia a visão espiritual, como conseqüência do Ifá (jogo de búzios). Cultuamos Bocum, Olokum, Dakum, Jabokum e Oromiláia.




Elemento: Ar
Domínio: Espiritualidade
Instrumento: Oxalá novo: Espada e escudo. Oxalá velho: Opaxorô (cajado)
Cores: Branco
Saudação: Epa ô Baba
Dia da semana: Quarta-feira: Oxalá Moço e Domingo: Oxalá velho
Ebó: Canjica branca, merengue e mel.
No sincretismo, é associado a Jesus Cristo.

Iemanjá


Considerada a Mãe de todos os Orixás e consequentemente senhora da maternidade e das famílias. Divindade das águas salgadas dos mares e oceanos. Orixá que gera o movimento das águas, deusa da Pérola, protetora dos pescadores e marinheiros. Traz paz e harmonia para toda a família. Dona do pensamento, por isso é a ela que devemos recorrer para solucionar problemas de depressão e instabilidade emocional. Cultuamos Iemanjá Bomi e Bossi.

Elemento: Oceanos e mares
Domínio: Fertilidade – Pensamento
Instrumento: Abebê (espelho) 
Cores: Azul claro
Saudação: Omio Odo
Dia da semana: Sexta-Feira
Ebó: Canjica branca, cocada e mel. 
No sincretismo, Iemanjá é associada a Nossa Senhora dos Navegantes.

Oxum


Oxum Orixá feminino muito cultuado e lembrado por ter a fertilidade como característica principal. Senhora da Água doce, e do amor. Simboliza a riqueza, doçura, bondade e vaidade. É a mãe Orixá que zela pelas crianças desde o ventre da mãe carnal até os sete anos. Por ser a senhora da riqueza e do ouro, muito se recorre a mãe Oxum para crescimento financeiro e também causas amorosas. Cultuamos Oxum Pandá de Ibejis, Oxum Pandá, Demum e Docô.


Elemento: Água doce
Domínio: Rios, cachoeiras e lagos
Instrumento: Abebê (espelho)
Cores: Amarelo e dourado
Saudação: Ora Ie ieu
Dia da semana: Sábado
Ebó: Canjica amarela, quindins e mel.
No sincretismo, o Orixá é associado à Nossa Senhora das Graças, N.S. da Conceição, N.S. Aparecida, N.S do Carmo. 

Ibeijis


Ibejis são divindades gêmeas infantis, é um Orixá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual.Divide-se em masculino e feminino, (gêmeos).Em Oyó cultua-se como Erês ligados a qualidade de Xangô e Oxum. Popularmente conhecido como Oxum e Xangô de Ibeji. Os Orixás gêmeos protegem os que ao nascer perderam algum irmão (gêmeo), ou tiveram problemas de parto. Em algumas casas de Candomblé e Batuque são referidos como erês (crianças) que se manifestam após a chegada do Orixá, chamados de Axe-erês ou axêros. Por serem gêmeos estão ligados ao princípio da dualidade e de tudo que vai nascer, brotar e criar.

Elemento: Ar
Domínio: Nascimento e infância
Cores: Multicolorido
Saudação: Bejiróó
Dia da semana: Domingo
Ebó: Amalá e canjica amarela com doces e brinquedos.  
No sincretismo, o Orixá é associado a São Cosme e Damião. 

Xapanã


Divindade das pragas, moléstias, pestes e enfermidades. Senhor da cura, é o médico do espírito, senhor da vassoura, que afasta as cargas negativas e as doenças – principalmente as espirituais. Orixá que não deve ser invocado em vão. Senhor da terra, que detém o controle dos mortos, do mistério e tudo que é oculto. Senhor da feitiçaria e da magia.


Elemento: Terra
Domínio: Doenças
Instrumento: Xaxará
Cores: Vermelho e preto, lilás
Saudação: Abawô
Dia da semana: Quarta-feira
Ebó: Amendoim, feijão preto e milho torrado.
No sincretismo, o Orixá é associado a São Roque, São Lázaro e Nosso Senhor dos Passos.  

Ossaim


Orixá das plantas medicinais e litúrgicas. Conhecedor do segredo de todas as folhas, utilizada nos rituais e na medicina natural. Sem folha, utilizadas nos rituais e na medicina natural. Sem folhas não há Orixá. Senhor da liturgia e regente do sagrado. Considerado o médico da nossa religião e também da moeda corrente. Vive nas florestas, onde nada por ser retirado sem a licença deste Orixá.  


Elemento: Matas
Domínio: Folhas e plantas em geral

Instumento: Cajado em forma de árvore, com um pássaro na ponta
Cores: Verde e amarelo
Saudação: Ewo Ewoö
Dia da semana: Segunda e quarta-feira
Ebó: Apetés de batata inglesa, linguiça e pipoca.
No sincretismo, o Orixá Ossaim é associado a São Cristovão. 

Obá


Orixá guerreira, forte e destemida, enérgica, muitas vezes mais forte que Orixás masculinos. Tímida e apaixonada, quando amando se anula em favor do amor. Senhora dos segredos, Orixá do corte, amores avassaladores e não correspondidos. Para muitos, Obá seria o lado masculino da mulher por seu estado bravo de ser.  


Elemento: Águas revoltas
Domínio: Navalha, Roda
Instrumento: Obé (espada)
Cores: Rosa
Saudação: Exó
Dia da semana: quarta-feira
Ebó: Feijão miúdo, salsa, abacaxi e epô
No sincretismo, o Orixá Obá é associada à Santa Catarina. 

Odé e Otim


Orixás da caça e da pesca, protetores dos animais, vivem nas matas, é um casal inseparável. Representantes da amizade verdadeira, de irmãos. São eles que trazem a fartura para a nossa mesa. Tem como características de personalidade a independência e liberdade, solidão e individualismo. Conhecem o manuseio das plantas nativas, porque aprenderam com Ossaim.


Elemento: Matas
Domínio: Caça

Instrumento: Ofá (arco) e Damatá (flecha)
Cores: Azul escuro (Odé) e azul com branco (Otim) - Cabinda
Saudação: Oke okebanbo
Dia da semana: Sexta-feira
Ebó: Feijão miúdo, inhame doce e chuleta de porco.
No sincretismo, os Orixás Odé e Otim são associados a São Sebastião e Santa Bernadete. 

Xangô


Senhor da Justiça, é o rei que cuida da administração do poder e principalmente é o Orixá responsável pelo cumprimento da justiça divina na terra. Determina o que é certo e o que é errado dentro da sua disposição imparcial, visando acima de tudo a verdade. Representa a autoridade constituída no Panteão africano. É uma figura sólida, tanto por esse papel como pelo elemento que ele é associado: a pedra. Xangô é íntegro, indivisível; com tudo isso, é evidente que certo autoritarismo faça parte de sua figura. É o Orixá que decide sobre o bem e o mal, possui capacidade de inspirar a aceitação inconteste de suas decisões, pela sua retidão e honestidade inquebrantáveis. As qualidades cultuadas deste orixá: Xangô de Ibejis, Xangô Aganjú e Xangô Agodô.

Elemento: Pedra
Domínio: Justiça, trovão e fogo

Intrumento: Oxé (machado de dois cortes)
Cores: Vermelho e Branco
Saudação: Kawô-Kabiesilé
Dia da semana: Terça-feira
Ebó: Amalá – Pirão, carne de peito, mostarda, banana e maçã
No sincretismo, o Orixá Xangô é associado a São João Batista, São Miguel Arcanjo e São Jerônimo. 

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Iansã


Orixá dos ventos e tempestades, a mais guerreira dos Orixás femininos por sua tempestividade. Senhora da aliança, da alegria e da felicidade. Dona do teto e da panela, senhora dos eguns e do movimento. Deusa da espada de fogo, dona das paixões avassaladoras, Orixá do fogo, guerreira e poderosa, senhora dos cemitérios. Na nação (batuque) cultua-se Iansã Dirã, Timboá e Niqué.

Elemento: Vento
Domínio: Fogo, raios e tempestades.

Instrumento: Eruexim (chibata feita com rabo de cavalo) e Obé (espada)
Cores: Branco e vermelho
Saudação: Epaieio
Dia da semana: Terça-feira
Ebó: pipoca e batata doce
No sincretismo, é associada à Santa Bárbara e Santa Joana D’arc. 

Ogum


Orixá das lutas e das guerras, Orixá que vence demanda, desbravador que traz vitórias. Senhor dos metais, dono do Obé (faca), do ferro e do aço. É o viajante desbravador de novas frentes e caminhos. Senhor das estradas e caminhos. Padroeiro dos militares, agricultores e dos ferreiros. Dono das armas, regente da tecnologia.

Ogum Avagã: Guarnece junto com o Bará Lodê as entradas dos Ilês.
Ogum Adiolá: Ogum que responde na praia.
Ogum Onira: Responde nos campos e nos matos


Elemento: Metal (ferro e aço)
Domínio: Guerra, máquinas e agricultura

Instrumento: Obé (espada)
Cores: Vermelho e verde
Saudação: Ogunhê
Dia da semana – Quinta-feira
Ebó: Costela assada e inhame azedo (epô)
No sincretismo, o Orixá Ogum, é associado a São Jorge

Bará


Orixá dos cruzeiros e dono das encruzilhadas. Senhor do Epô, primeiro Orixá a ser reverenciado, é aquele que abre e fecha os caminhos.
Mensageiro dos Orixás, ninguém vai a praia sem passar pelo cruzeiro. Intermediário entre o Orum (céu) e o Aye (terra), guardião dos portões e portas dos ilês.

Bará Lodê: Guardião dos portões do Ilê junto com Ogum Avagã
Bará Lanã: Guardião da porta do Ilê, ficando à esquerda da porta de entrada.
Bará Adague: Guardião da porta do Ilê, ficando à direita da porta de entrada.
Bará Agelú: Considerado o mais novo dos Barás, ficando dentro dos Pejis (quarto de santo).

Elemento: Terra
Domínio: Cruzeiros e caminhos

Instrumento: Ogó (pênis de madeira com buzios, simbolizando o sêmem)
Cores: Vermelho
Saudação: Alupo
Dia da semana: Segunda-feira / Bará Agelú: sexta-feira
Ebó: Milho torrado e batata assada
No sincretismo, o Orixá Bará é associado a São Pedro e Santo Antônio