segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Religião Africanista


INICIO NO RIO GRANDE DO SUL
 
Somente duzentos anos após a Bahia ser centro político nacional é que começou efetivamente o Rio Grande do Sul, sua colonização. Esta área foi juridicamente inserida no território pátrio pelo Tratado de Tordesilhas, antes contestada pela Coroa Espanhola.
Em 1737, ainda éramos colônia de Portugal, o governo português para garantir a posse dessas terras mandou edificar em região estratégica o forte “Jesus, Maria e José”, aquartelando tropas. Dentre os operários a maioria era composta de negros. Negros que mais tarde vieram a trabalhar nos salgadouros e charqueadas de Pelotas.
Estamos neste ano comemorando 230 anos desta presença africana aqui. 26 de Julho de 1783. Em fins do século 19 podiam-se contar com muitas Casas de Religião(Ilês) então denominadas Casas de Pará. Após muitos anos é que houve a substituição para Casas de Batuque... ou de Nação. De 1895 a 1935 viveu em Porto Alegre um príncipe africano cujo nome abrasileirado era Manuel Custódio, do Sapatá Erupê. O Príncipe de Ubá. Ou simplesmente, Príncipe. Àquela época vivia-se um clima de incertezas e conflitos entre as facções dos Ximangos e Maragatos. Um Governador; Dr Augusto Borges de Medeiros, apesar de positivista, reza a tradição, com testemunhos, mandou chama-lo e, juntamente com o Tio Chico, do Moçambique, fizeram um assentamento para o Bará, no Palácio e centro do Mercado. Também, Obrigação no lugar do antigo patíbulo, frente a Igreja N. Sra das Dores. Ninguém precisa ler os jornais da época para saber das estripulias policiais quanto ao Candomblé; ou escutar aqui os contemporâneos do interventor Gen. Daltro Filho, em 1937, que autorizava que os portais do Batuque fossem rebentados a pata de cavalo e os dirigentes e membros algemados nas delegacias como criminosos. Hoje tudo está mudando, mas persistem as discriminações de forma velada. A própria irmandade africanista em geral se identifica como católica ou espiritualista, poucos tendo a coragem moral da auto definição.  A respeitabilidade africanista somente acontecerá no dia em que houver conscientização e os dirigentes, principalmente, se prestigiarem e auxiliarem, pois com demanda, cada vez mais perderão o respeito e a força, que com certeza não nos levará a lugar algum.
Em Salvador predominou o grupo Iorubano, chamado após a Invasão Francesa, de Nagô. Aqui, o Bântu. Africanismo, Umbandismo e Kardecismo são correntes paralelas que trabalham exclusivamente com o Astral.
No Africanismo que é assunto predominante, neste momento, temos de considerar a presença de diferentes Nações, pois a África é um continente. Formado de países com características especiais cada um, inclusive com idioma diferente. Isto colocado, o Candomblé é parecido, mas não é o mesmo que o Batuque. Nem na língua, axós, danças, passos, rezas, liturgias ou mesmo Orixás. Ainda mantemos aqui no Estado os seguintes Rituais: Oió, Nagô, Gêge, Igexã e Cabinda. Há algumas casas de Candomblé, cultuando Angola ou Keto. O mais acentuado é o Gêge-Ijexá, nos “toques”.
Temos que nos preocupar com a provável falta de memória das nossas origens, da história de nossa Religião, pois, nomes, nações e ritos caíram no esquecimento das novas gerações.


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