quarta-feira, 16 de abril de 2014
sábado, 22 de fevereiro de 2014
POR QUE VOCÊ ESTÁ NA RELIGIÃO?
"Estou na religião, porque
estou doente"
Saia da
religião, irmão!
Religião
não vende curas, procure um Hospital.
"Estou
na religião, porque é minha missão"
Saia da
religião, irmão!
Religião,
assim como a espiritualidade, respeita o livre arbítrio,
não se
sinta obrigado a nada.
"Estou
na religião, porque estou desempregado"
Saia da
religião, irmão!
Religião
não vende promessas de prosperidade,
pois o
ganho material nada soma a espiritualidade,
procure
uma Agência de Empregos.
"Estou
na religião,porque minhas entidades fecharam meus caminhos"
Saia da
religião, irmão!
Entidade
que trabalha na Luz não fecha o caminho de ninguém,
muito
menos de seu aparelho de ação, aceite suas imperfeições!
"Estou
na religião, porque tenho mediunidade forte"
Saia da
religião, irmão!
Religião
não é competição do mais forte ou fraco,
mediunidade
não tem medida, o que te motiva é a simples
vaidade e
cegueira por poder. Procure um Circo!
"Estou
na religião, porque tenho Karma"
Saia da
religião, irmão!
A religião
não lhe dará quitação kármica, quem faz isso são
suas
ações fora da religião.
Procure
um voluntariado, orfanato, asilo enfim, uma forma
de ajudar
que terá mais êxito.
"Estou
na religião, porque pessoas precisam de minha ajuda"
Saia da
religião, irmão!
Você é
apenas mais um médium, você não tem poderes
mágicos;
na religião, só existe tarefeiros e trabalhadores.
Você está
motivado pelo deslumbramento não pela caridade.
"Estou
na religião, porque quero prestar a caridade"
Saia da
religião, irmão!
Quem
presta a caridade, não é você e sim os seus guias,
através
da sua mediunidade.
Você é um
INSTRUMENTO DA CARIDADE DIVINA.
"Estou
na religião, em busca de auto conhecimento,
de
entendimento da minha missão na TERRA enquanto encarnado
e usar
minha mediunidade em prol do meu progresso
e dos que
necessitam"
FIQUE NA
RELIGIÃO!
A
mediunidade é uma benção a quem a recebe e a
quem se
beneficia dela."
sábado, 11 de janeiro de 2014
Sem água, sem folha, sem Orixá
Na cultura Yorùbá, no que tange a Ecologia e
Cultura Religiosa, o homem está extremamente ligado à natureza, pois caso venha
degradar qualquer componente do ecossistema natural irá assim causar um
desiquilíbrio, conforme descrito no proverbio yorubano:“OMI KOSI, ÉWÈ KOSI,
ÒRÌSÀ KOSI” (Sem água, sem folha, sem Orixá).
Hoje nossa vida depende
do uso cada vez maior dos recursos naturais, estamos nos desenvolvendo
tecnologicamente cada vez mais rápido, mas este desenvolvimento desenfreado nos
causa impactos ambientais como a diminuição e esgotamento de recursos, e posteriormente
impactos ambientais ao nosso ecossistema natural. Desta forma o “capitalismo” e
“consumismo” passam a ser um dos grandes vilões contra o Equilíbrio Natural, ou
seja, mais uma vez sofremos consequências por nossas próprias ações.
A falta d’água, a falta de
alimento, falta de terra fértil, desastres naturais, doenças e pestes são
dentre algumas formas em que Olorum e demais Òrìṣàs tentam
reajustar e realinhar o equilíbrio natural. A degradação do planeta de forma progressiva não acarretará o fim
do ayé (terra) e sim o fim da raça humana caso seja o desejo de nossos Òrìṣàs, ou seja, a elevação da temperatura da terra, a destruição de
ecossistemas, o desaparecimento diário de milhares de espécies, a redução vertiginosa dos estoques de
água potável são sintomas dessa crise ambiental global, um verdadeiro desafio
para toda a humanidade.
Nossos ancestrais mais
distantes foram os primeiros ecologistas da terra, com o passar dos anos e
inserção da ideologia capitalista dentro dos cultos afro-religiosos,
principalmente no ocidente, fez com que os valores de respeito e veneração à
natureza fossem esquecidos.
Portanto hoje adotar
práticas e atitudes sustentáveis é garantir que as gerações futuras possam
também usufruir dos recursos naturais garantindo assim existência humana, como
também terem a oportunidade de reverenciar nossos Òrìṣàs.
A sustentabilidade
abrange vários níveis, desde a vizinhança local até o planeta inteiro. Para um
empreendimento humano e até mesmo um terreiro, centro e Ilé Àṣẹ (Casa de Axé) ser sustentável, têm de ter em vista
04 requisitos básicos, como: atitudes ecologicamente corretas, economicamente
viável, justiça social e promover a tolerância cultural.
Desta forma pense e
reflita sobre como hoje você cultua seu Òrìṣà, entidades espirituais e ancestrais, pois
cultua-los de maneira ambientalmente responsável é garantir a existência do àṣẹ, o equilíbrio do ecossistema, continuidade da raça
humana e combater a intolerância
religiosa.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Por que no meio da dor os negros, dançam, cantam e riem?
Milhares de pessoa em toda a Africa do Sul
misturam choro com dança, festa com lamentos pela morte de Nelson Mandela. É a
forma como realizam culturalmente o rito de passagem da vida deste lado para a
vida do outro lado, onde estão os anciãos, os sábios e os guardiães do povo, de
seus ritos e das normas éticas. Lá está agora Mandela de forma invisível mas
plenamente presente acompanhando o povo que ele tant ajudou a se
libertar.
Momentos como estes nos fazem
recordar de nossa mais alta ancestralidade humana. Todos temos nossas raízes na
Africa, embora a grande maioria o desconheça ou não lhe dê importância. Mas é
decisivo que nos reapropriemos de nossas origens, pois elas, de um modo ou de
outro, na forma de informação, estão inscritas no nosso código genético e
espiritual.
Refiro-me aqui tópicos de um
texto que há tempos escrevi sob o título:”somos todos africanos” atualizado
face à situação atual mudada. De saída importa denunciar a tragédia africana: é
o continente mais esquecido e vandalizado das políticas mundiais. Somente suas
terras contam. São compradas pelos grandes conglomerados mundiais e pela China
para organizar imensas plantações de grãos que devem garantir a alimentação,
não da Africa, mas de seus países ou negociadas no mercado especulativo. As
famosas “land grabbing” possuem, juntas, a extensão de uma França inteira. Hoje
a Africa é uma espécie de espelho retrovisor de como nós humanos pudemos no
passado e podemos hoje ainda ser desumanos e terríveis. A atual
neocolonização é mais perversa que a dos séculos passados.
Sem olvidar esta tragédia,
concentremo-nos na herança africana que se esconde em nós. Hoje é consenso
entre os paleontólogos e antropólogos que a aventura da hominização se iniciou
na África, cerca de sete milhões de anos atrás. Ela se acelerou passando pelo
homo habilis, erectus, neanderthalense até chegar ao homo sapiens cerca de
noventa mil anos atrás. Depois de ficar 4,4 milhões de anos em solo africano
este se propagou para a Asia, há sessenta mil anos; para a Europa, há quarenta
mil anos; e para as Américas há trinta mil anos. Quer dizer, grande parte da
vida humana foi vivida na África, hoje esquecida e desprezada.
A África além de ser o lugar
geográfico de nossas origens, comparece como o arquétipo primal: o
conjunto das marcas, impressas na alma de todo ser humano. Foi na África que
este elaborou suas primeiras sensações, onde se articularam as crescentes
conexões neurais (cerebralização), brilharam os primeiros pensamentos, irrompeu
a criatividade e emergiu a complexidade social que permitiu o surgimento da
linguagem e da cultura. O espírito da África, está presente em todos nós.
Identifico três eixos
principais do espírito da África que podem nos inspirar na superação da
crise sistêmica que nos assola.
O primeiro é o amor à Mãe
Terra, a Mama Africa. Espalhando-se pelos vastos espaços africanos, nossos
ancestrais entraram em profunda comunhão com a Terra, sentindo a interconexão
que todas as coisas guardam entre si, as águas, as montanhas, os animais, as
florestas e as energias cósmicas. Sentiam-se parte desse todo. Precisamos nos
reapropriar deste espírito da Terra para salvar Gaia, nossa Mãe e única Casa
Comum.
O segundo eixo é a matriz
relacional (relational matrix no dizer dos antropólogos). Os africanos usam a
palavra ubuntu que singifica:”eu sou o que sou porque pertenço à comunidade” ou
“eu sou o que sou através de você e você é você através de mim”. Todos
precisamos uns dos outros; somos interdependentes. O que a física quântica e a
nova cosmologia dizem acerca de interconexão de todos com todos é uma evidência
para o espírito africano.
À essa comunidade pertencem os
mortos como Mandela. Eles não vão ao céu, pois o céu não é um lugar geográfico,
mas um modo de ser deste nosso mundo. Os mortos continuam no meio do povo
como conselheiros e guardiães das tradições sagradas.
O terceiro eixo são os rituais
e celebrações. Ficamos admirados que se dedique um dia inteiro de orações por
Mandela com missas e ritos. Eles sentem Deus na pele, nós ocidentais na cabeça.
Por isso dançam e mexem todo o corpo enquanto nós ficamos frios e duros como um
cabo de vassoura.
Experiências importantes da
vida pessoal, social e sazonal são celebrados com ritos, danças, músicas e
apresentações de máscaras. Estas representam as energias que podem ser
benéficas ou maléficas. É nos rituais que ambas se equilibram e se festeja a
primazia do sentido sobre o absurdo.
Notoriamente é pelas festas e
ritos que a sociedade refaz suas relações e reforça a coesão social. Ademais
nem tudo é trabalho e luta. Há a celebração da vida, o resgate das memórias
coletivas e a recordação das vitórias sobre ameaças vividas.
Apraz-me trazer o testemunho
pessoal de um dos nosos mais brilhantes jornalistas, Washington Novaes:”Há
alguns anos, na África do Sul, impressionei-me ao ver que bastava se reunirem
três ou quatro negros para começarem a cantar ea dançar, com um largo
sorriso.Um dia, perguntei a um jovem motorista de taxi:”Seu povo sofreu e ainda
sofre muito. Mas basta se juntarem umas poucas pessoas e vocês estão dançando,
cantando, rindo. De onde vem tanta força?” E ele: “Com o sofrimento, nós
aprendemos que a nossa alegria não pode depender de nada fora de nós. Ela tem
de ser só nossa, estar dentro de nós.”
Nossa população afrodescendente
nos dá a mesma amostra de alegria que nenhum capitalismo e consumismo pode
ofecer.
* Texto escrito pelo teólogo Leonardo
Boff, retirado do
site: http://leonardoboff.wordpress.com/2013/12/12/por-que-no-meio-da-dor-os-negros-dancam-cantam-e-riem/
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Um príncipe negro morou em Porto Alegre
Vindo da tribo pré-colonial de
Benis, dinastia de Glefê, da nação Jeje, do estado de Benin, na Nigéria, o
lendário Príncipe Custódio do Xapanã Sakpatá Erupê foi um dirigente
tribal africano, exilado no Brasil, onde se tornou famoso como curandeiro e
líder religioso. Seu nome tribal era Osuanlele Okizi Erupê, filho
primogênito do Obá Ovonramwen. Ao chegar ao Brasil, adotou o nome
de José Custódio Joaquim de Almeida, Príncipe de Ajudá (1832-1936)
São João Batista de Ajudá era uma fortaleza
portuguesa no Daomé, tendo sido descoberta pelos portugueses quando navegavam
na costa da Guiné. Era a capital do antigo Reino de Daomé, edificado numa vasta
planície outrora muito povoada de cristãos negros. O rei D Pedro II de
Portugal mandou construir a referida fortaleza a fim de proteger o importante
comercio que então os portugueses faziam na Costa da Mina. Foi ocupado pelos
Ingleses, que ali estabeleceram importantes feitorias, que passaram a ser
defendidas pelas guarnições das fortalezas antes pertencentes a Portugal, entre
as quais a de São João Batista de Ajudá. Daomé foi colônia de vários
países que se estabeleceram ao longo de seu território à margem do Atlântico,
mas em 1876 a Grã-Bretanha terminou a ação que iniciara alguns anos antes,
comprando toda a parte dos demais ocupantes, tornando, então, a Costa do Ouro
inteiramente de propriedade dos ingleses, os quais também tiveram de entrar em
acordo com os reis e príncipes negros que lá governavam. Desta
determinação britânica resultou a deportação de um rei africano, que somente em
1934 teve autorização para voltar a fim de passar sossegadamente o resto de
seus dias na terra natal. Com outros governantes foram feitos acordos
financeiros por eles aceitos a fim de ser evitado o massacre do seu povo.
Entre estes estava o Príncipe de São João Batista
de Ajudá, que deixou sua terra na Costa da Mina em 1862 quando tinha 31 anos de
idade. Ninguém sabe como e em que circunstancias este príncipe governante
deixou o Porto de Ajudá, que era perto da Costa do Ouro (hoje Republica de
Gana), onde em algumas décadas anteriores, funcionava um dos principais locais
de embarque de escravos para o Brasil, mas o certo é que ele partiu ante a
promessa solene dos ingleses de que o seu povo não sofreria o que haviam
sofrido os grupos vizinhos ante a violência dos alemães e franceses. Os
portugueses antes poderosos tinham se contentado com uma parte do Guiné e com
as ilhas de São Tome e Príncipe, cedendo as suas fortalezas. As condições
para que o Príncipe de Ajudá não oferecesse qualquer resistência aos invasores,
alem do respeito pela vida dos seus súditos, era a de que ele se exilasse e
jamais voltasse aos seus domínios. E, como parte do convênio, a
Grã-Bretanha se comprometia a fornecer-lhe uma subvenção mensal paga em qualquer
parte do mundo onde estivesse, por intermédio dos seus representantes
consulares.
Por qual motivo o exilado escolheu o Brasil como
sua nova pátria, não se sabe. Talvez por haver aqui grande numero de
descendentes dos escravos nativos da Costa da Mina, os chamados “Pretos
Mina” ou outra razão qualquer. Sua chegada a nossa terra foi assinada como
acontecida em 1864, dois anos depois de ter deixado Ajudá.Inicialmente,
fixou-se em Rio Grande, mais tarde foi para o interior de Bagé, e já encontrou
por lá rituais religiosos de origem africana, popularmente denominada de
Batuque. Ele contribuiu sim, e muito para nossa religião, com seus contatos
políticos, pois Custódio vinha de uma família nobre e sua saída da África foi
política. Ele sabia como se destacar e fazia bom uso de sua sabedoria
religiosa, o que ajudou a travar as perseguições às casas de culto africano e
foi onde se tornou famoso como curandeiro e líder religioso. Ninguém sabe
como e nem em que circunstâncias, ao final do século XIX este príncipe governante
deixou São João Batista de Ajudá, no Daomé e por qual motivo o exilado escolheu
o Brasil. Talvez por haver aqui grande número descendentes dos escravos nativos
da Costa da Mina.
De Bagé mudou-se para Porto Alegre, onde chegou em
1901, com 70 anos de idade. O Príncipe Custódio tinha oito filhos, três homens
e cinco mulheres. Seus conhecimentos de idioma português não eram muito
corretos, porém podia expressar-se fluentemente em inglês e francês, além de
falar ainda vários dialetos das tribos africanas que havia governado. As festas
que promovia na data de seu aniversário duravam três dias com a casa sempre
cheia de gente, de manhã à noite, quando se comia e se bebia do bom e do
melhor, ao som dos tambores africanos que batucavam sem parar naquelas setenta
e duas horas. Mensalmente o consulado britânico local entregava-lhe um saquinho
cheio de libras esterlinas, cuja troca em mil-réis servia para manter a pequena
corte da Rua Lopo, a família numerosa, os agregados, os empregados, e ainda
serviam àqueles que o procuravam nos momentos de dificuldades financeiras.
No dia 26 de Maio de 1936 morreu o Príncipe
Custódio aos 104 anos de existência. Seu velório e seu enterro, atendendo ao
pedido expresso do morto, foi feito dentro das tradições africanas com muito
batuque e muitos trabalhos em intenção do morto.
Também foi Príncipe Custódio quem fez o
assentamento do Bará no mercado público de Porto Alegre, onde todos os adeptos
dos cultos africanos fazem reverência cada vez que terminam uma obrigação
aos seus Orixás. Isso de certa forma indica que, se o mesmo não foi o
introdutor do batuque em nosso estado, provavelmente tenha sido um dos
primeiros.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
O Cuidar no Terreiro
O documentário trata
da promoção da saúde, do direito à saúde, do respeito às orientações sexuais e
o acolhimento às pessoas vivendo com Aids nos terreiros. Fruto de parceria do
Ministério da Saúde com a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras, o filme
aborda a participação das lideranças de terreiros como controle social.
Demonstrando o quão democrática são as relgiões afro-brasileiras.
domingo, 1 de dezembro de 2013
quinta-feira, 7 de novembro de 2013
Acherê
O Acherê é, em princípio, o mediador entre o Orixá e o
iniciado, no transe de incorporação do Orixá no mesmo.
É uma possessão um tanto menos violenta da do Orixá
inteiro, pois o Acherê é uma mistura Orixá-pessoa inconsciente.
O Acherê serve para apagar, com menos violência que o
Orixá inteiro, da memória do iniciado, o que ocorreu durante o tempo em que o
Orixá esteve incorporado nele.
O Acherê, devido a esta combinação Orixá-pessoa, tem a
força e o conhecimento do Orixá congregado com a vivência - a maldade ou
bondade da pessoa, - por isso, temos que ter o máximo de respeito e cuidado ao
tratarmos com o Acherê, fazendo com que o mesmo, não venha, porventura,
revoltar-se conosco.
O comportamento da pessoa incorporada, no estado de
Acherê, em geral é o de uma criança,
pois, fala um tanto atrapalhado, outras vezes trocando o sim pelo não, o certo
pelo errado e a frente pelas costas, na sua maneira de se expressar. É muito
alegre e brincalhão, é bondoso e dócil, sorri com facilidade e chora com a
mesma facilidade. Gosta de receber presentes e costuma fazer a mediação com o
Orixá e a pessoa para resolver os problemas da mesma, em troca de guloseimas ou
presentes, ou até mesmo, pela simples satisfação de ver a pessoa feliz.
Há pessoas que usam pedir e tratar dos assuntos
relacionados com o Orixá, diretamente com o Acherê, pois, o Orixá é sério,
sendo o Acherê mais acessível.
Há Babalorixás e Yalorixás que entendem não poder o
Acherê comer ou beber, bem como, fazer as necessidades fisiológicas que o
organismo requer. Entendemos que o Acherê pode beber tudo o que não contenha
álcool, ou que vá de encontro à sua feitura e fundamento; podendo comer doces,
frutas e determinadas comidas, a
critério do Babalorixá ou Yalorixá que deverá determinar de acordo com a
feitura de cada Acherê. Quando a pessoa o vício de fumar, o Acherê certamente o
fará, porém, quando a pessoa não o tiver, o mesmo não fumará ou não terá a
obrigação de fazê-lo. Como o Acherê pode ficar no estado de incorporação durante
horas, dias e até meses, entendemos que o mesmo pode fazer as necessidades
fisiológicas da pessoas incorporada.
Não existem oferendas de frente específicas para o Acherê, por isso,
entendemos de oferecer doces e guloseimas ao mesmo para agradá-lo.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
O Negro no Rio Grande do Sul
Ao contrário do que muitos pensam os afro-descendentes
também contribuíram para a formação histórica, social e econômica do Rio Grande
do Sul. A participação dos negros na formação histórica gaúcha não mereceu
ainda as atenções devidas da historiografia, que por muitos anos negou a
presença destes em território gaúcho, alegando ter a província do Rio Grande do
Sul uma formação histórica diferenciada do restante do Brasil.
A presença de afro-brasileiros no extremo sul do país é
anterior à fundação oficial do Rio Grande do Sul lusitano, ocorrida no século
XVIII. Diferente de outras etnias, os negros tiveram sua presença no território
gaúcho pela coerção, ou seja, foram trazidos à força como escravos para
trabalharem na província gaúcha assim como já o faziam no restante do
território brasileiro.
A participação dos negros no Rio Grande do Sul pode ser
comprovada através dos vários censos realizados no século passado. O censo de
1814 nos apresenta uma população significativa de afro-brasileiros, em torno de
36,7%, contra 45,6% de brancos. Os dados demonstram também ser Pelotas a cidade
gaúcha com maior concentração populacional de afro-brasileiros, onde estes
ultrapassam os 60% da população contra 29,4% de brancos. O caso de Pelotas ter
a maior concentração de escravos se justifica devido ao fato de ser a mesma o
grande centro econômico gaúcho do século XIX, o que se deu pela enorme
concentração das charqueadas na região. As charqueadas foram a principal
atividade econômica gaúcha no século passado. Responsáveis por mais de 85% das
exportações gaúchas, como também pela maior concentração de escravos em
estabelecimentos produtivos no Rio Grande do Sul, tivemos estabelecimentos
charqueadores com mais de cem escravos, o que demonstra a importância da
escravidão negra para a economia gaúcha.
Não foi somente na economia que os negros se destacaram
no Rio Grande do Sul. Eles também tiveram participação efetiva nos confrontos
bélicos gaúchos, onde se destacaram principalmente na Revolução Farroupilha. A
participação dos afro-descendentes deu-se através dos escravos que, em troca de
sua carta de alforria, iam para frente de batalha lutar por uma causa que não
era sua, mas sim dos grandes latifundiários gaúchos descontentes com o governo
central.
Os negros "farroupilhas" foram chamados de lanceiros negros
e participaram do movimento até o extermínio deles próprios, extermínio este
fruto de uma traição farroupilha: os lanceiros tornam-se um empecilho para o
acordo de paz entre farroupilhas e imperiais, pois os imperiais não aceitavam
que fossem dadas as alforrias prometidas aos escravos, como fora prometido
pelos rebeldes. Sendo assim, era necessário, achar uma solução para os
lanceiros que não fossem a sua liberdade prometida. A solução encontrada foi a
seguinte:
"Em tratativas firmadas entre Duque de Caxias e
David Canabarro, ficou traçada a sorte dos lanceiros: Caxias ordenou que o
coronel Francisco Pedro de Abreu atacasse o acampamento farroupilha no dia
14/11/1844, e que o mesmo não temesse o resultado do confronto, pois a infantaria
farroupilha, composta por escravos, estaria desarmada, por ordem de Canabarro,
conforme o "acordo secreto" entre ambos. Desta forma, com o auxílio
de Canabarro, a infantaria negra foi covardemente massacrada". Este fato
dá a dimensão do tratamento dispensado aos negros do Rio Grande do Sul.
Os escravos gaúchos reagiram às brutalidades senhoriais
através de fugas, assassinatos, revoltas, insurreições, etc. Se no Rio Grande
do Sul nenhum quilombo alcançou a dimensão do quilombo dos Palmares, não significa
que estes não tenham sido importantes também aqui. Contudo o quilombo de Manoel
Padeiro, que talvez tenha sido o mais importante quilombo gaúcho. O quilombo do
Padeiro apresentava uma estrutura militar e uma rígida hierarquia e, devido a
suas ações guerrilheiras, causava grande pânico na população local, assim como
preocupação nas autoridades constituídas que, com razão, temiam, ataques dos
quilombos.
Assim sendo, as fugas, as revoltas e os quilombos
permaneceram na província gaúcha até 1888 quando da promulgação da Lei Áurea,
lei esta que assinalou o termino da escravidão legal, mas não o fim das lutas
do negro.
sábado, 5 de outubro de 2013
Quem não pode com mandinga, não carrega patuá
Mandinga significa magia, simpatia ou
feitiço. Ela pode ser para cura, abertura de caminhos, para ajudar a conseguir
um emprego, enfim... Nos fundamentos da verdadeira Umbanda ela sempre é feita
para o bem e pelo bem.
Mas esse termo é muito antigo e originalmente
tinha outro significado.
Você já ouviu a expressão “quem não
pode com mandinga, não carrega patuá”?
Ela surgiu no tempo da escravidão, onde
os Mandingas eram um grupo (ou nação) africano do norte, próximo aos árabes,
que acabou por se tornar muçulmano. Com o tráfico de escravos, muitos negros
Mandingas vieram parar nas Américas. Porém, os Mandingas eram escravos que
sabiam ler e escrever em árabe, além de conhecer a matemática melhor do que os
brancos, seus senhores, e este estado superior de cultura de um determinado
grupo negro fez com que fossem tidos como feiticeiros, passando a expressão
Mandinga a sinônimo de feitiço. Por outro lado, os negros que praticavam o
culto aos Orixás eram vistos como infiéis pelos negros muçulmanos.
O branco, aproveitando-se dessa
rivalidade e confiando aos mandingas funções superiores que os demais, faziam a
animosidade entre eles crescer. Os mandingas não eram obrigados pelos brancos a
ingerir restos de comida e até mesmo permitiam que estes trouxessem trechos do
Alcorão encerrados em pequenos saquinhos de pele pendurados ao pescoço, o
famoso Patuá. Os Mandingas eram, em geral, os negros que ocupavam a função de
caçadores de escravos fujões (capitães-do-mato).
Quando um negro pretendia fugir, além
de se preparar para lutar sem armas através da capoeira e do maculelê, ele
deixava o cabelo crescer e pendurava ao pescoço um Patuá, fazendo-se passar por
um Mandinga para não ser perseguido. Mas se um verdadeiro Mandinga o abordasse
e ele não soubesse responder em árabe, descarregaria todo seu furor nesse
infeliz negro fujão. Daí nasceu a expressão “quem não pode com mandinga, não
carrega patuá”.
Mais tarde o hábito de utilizar patuás
entre negros foi se generalizando, pois estes acreditavam que o poder dos
Mandingas era devido, em grande parte, aos poderes do Patuá.
MAS, AFINAL, O QUE É PATUÁ?
O patuá é um objeto consagrado que traz
em si o axé, a força mágica do Orixá ou Guia de luz, a quem ele é consagrado.
Salve os Pretos-Velhos!
Saravá!
Preto-velho na umbanda
Preto-velho na Umbanda são espíritos que se apresentam em
corpo fluídico de velhos africanos que viveram nas senzalas, majoritariamente
como: escravos que morreram no tronco ou de velhice e adoram contar as
histórias do tempo do cativeiro. Sábios, ternos e pacientes dão o amor, a fé e
a esperança aos “seus filhos”.
São entidades desencarnadas que tiveram pela sua idade
avançada, o poder e o segredo de viver longamente através da sua sabedoria,
apesar da rudeza do cativeiro demonstram fé para suportar as amarguras da vida,
conseqüentemente são espíritos guias de elevada sabedoria geralmente ligados à
Confraria da Estrela Azulada dentro da Doutrina Umbandista do Tríplice Caminho
( AUMBANDHAM – alegria e pureza + fortaleza e atividade + sabedoria e
humildade), trazendo esperança e quietude aos anseios da consulência que os
procuram para amenizar suas dores, ligados a vibração de Omolu, são
mandingueiros poderosos, com seu olhar perscrutador sentado em seu banquinho,
fumando seu cachimbo, benzendo com seu ramo de arruda,rezando com seu terço e
aspergindo sua água fluidificada, demandam contra o baixo astral e suas
baforadas são para limpeza e harmonização das vibrações de seus médiuns e de
consulentes. Muitas vezes se utilizam de outros benzimentos, como os utilizados
pelo Pai José de Angola, que se utiliza de um preparado de “guiné” (pedaços de
caule em infusão com cachaça) que coloca nas mãos dos consulentes e solicita
que os mesmos passem na testa e nuca, enquanto fazem os seus pedidos
mentalmente; utiliza-se também de vinho moscatel, com o que constantemente
brinda com seus “filhos” em nome da vitória que está por vir.
São os Mestres da sabedoria e da humildade. Através de
suas várias experiências, em inúmeras vidas, entenderam que somente o Amor
constrói e une a todos, que a matéria nos permite existir e vivenciar fatos e
sensações, mas que a mesma não existe por si só, nós é que a criamos para estas
experiências, e que a realidade é o espírito. Com humildade, apesar de imensa
sabedoria, nos auxiliam nesta busca, com conselhos e vibrações de amor
incondicional. Também são Mestres dos elementos da natureza a qual utilizam em
seus benzimentos.
Os Pretos Velhos : Os espíritos da humildade, sabedoria e
paciência.
São entidades cultuadas pelas religiões
afro-brasileiras, em especial a Umbanda. Nos trabalhos espirituais desta
religião, os médiuns incorporam entidades que possuem níveis de evolução e
arquétipos próprios. Estas se dividem em três níveis:
As Crianças – chamadas eres, ou ibejis, representam a
pureza, a inocência, daí sua característica infantil.
Os Caboclos – onde se incluem os Boiadeiros, Caboclos e
Caboclas, representam a força, a coragem, portanto apresentam a forma do
adulto, do herói, do guerreiro, do índio ou soldado.
Os Pretos Velhos – incluem os Tios e Tias, Pais e Mães,
Avôs e Avós todos com a forma do idoso, do senhor de idade, do escravo. Sua
forma idosa representa à sabedoria, o conhecimento, a fé. A sua característica
de ex-escravo passa à simplicidade, a humildade, a benevolência e a crença no
“poder maior”, no Divino.
A grande maioria dos terreiros de Umbanda, assim também
suas entidades possuem a fé Cristã, ou seja, acreditam e cultuam Jesus (Oxalá).
Entidades aqui tomadas no sentido de espíritos que auxiliam aos encarnados, o
mesmo que guia de luz.
A característica desta linha seria o conselho, a
orientação aos consulentes devido a elevação espiritual de tais entidades é
como psicólogos, receitam auxílios, remédios e tratamentos caseiros para os
males do corpo e da alma.
Os Pretos Velhos seriam as entidades mais conhecidas
nacionalmente, mesmo por leigos que só ouviram falar destas religiões
Afro-Brasileiras. O Preto Velho é lembrado também pelo instrumento que normalmente
utiliza – o cachimbo.
Os nomes de alguns Pretos Velhos comuns de que se tem
notícia são Pai João, Pai Joaquim de angola, Pai José de Angola, Pai
Francisco,Vovó Maria conga, Vovó Catarina. Pai Jacó], Pai Benedito, Pai
Anastácio, Pai Jorge, Pai Luis, Mãe Maria, Mãe Cambina, Mãe Sete Serras, Mãe
Cristina, Mãe Mariana, Maria Conga, Vovó Rita e etc.
Na Umbanda os Pretos Velhos são homenageados no dia 13 de
maio, data que foi assinada a Lei Áurea, a abolição da escravatura.
Os pontos servem para saudar a presença das entidades,
diferentemente do que geralmente se pensa, não foram feitos para chamar, mas
sim para agradecer a presença, como um “Olá”.
Crê-se que em referência à dor e aflição sofrida pelo
povo negro (período de trevas no território brasileiro), a linha de preto velho
reflete a humildade, a paciência e a perseverança característica da atuação da
linha nominada de Yorima, cujo apresenta-se de pés no chão, cachimbo de barro
bem rústico, quando não cigarro de palha, café, e um fio de contas de rosários
(Lágrima de Nossa Senhora) e cruzes, figas e breves os quais utilizam
magisticamente em sua atuação astral.
Os pretos velhos apresentam-se com nomes que
individualizam sua atuação, conforme nação ou orixá regente, evidenciando sua
atuação propriamente dita.
Em sua linha de atuação eles apresentam-se pelos
seguintes codinomes, conforme acontecia na época da escravidão, onde os negros
eram nominados de acordo com a região de onde vieram:
Aruanda_ Ex: (Pai Francisco de Aruanda), refere-se a
pretos velhos ativos na linha de Oxalá. (OBS: Aruanda quer dizer céu);
D´Angola_ Ex: (Pai Francisco D´Angola), refere-se a
pretos velhos ativos na linha de Ogum;
Matas_ Ex: (Pai Francisco das Matas), refere-se a pretos
velhos ativos na linha de Oxóssi;
Calunga, Cemitério ou das Almas_ Ex: (Pai Francisco da
Calunga, Pai Francisco do Cemitério ou Pai Francisco das Almas), refere-se a
pretos velhos ativos na linha de Omolu/ Obaluayê;
Entre diversas outras nominações tais como: _Guiné,
Moçambique, da Serra, da Bahia, etc…
Muitos Pretos Velhos podem apresentar-se como Tio, Tia,
Pai, Mãe, Vó ou Vô, porém todos são Pretos Velhos. Na gira eles só comem o que
for feito de milho como por exemplo: Bolo de milho, pamonha, cural e etc.
“AS
SETE LÁGRIMAS DE UM PRETO VELHO”.
Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho,
fumando o seu cachimbo um triste Preto Velho chorava. De seus olhos molhados,
esquisitas lágrimas desciam-lhe pela face e… Foram sete.
A Primeira… A estes indiferentes que vem no Terreiro em
busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas mentes ofuscadas não
podem conceber;
A Segunda… A esses eternos duvidosos que acreditam,
desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que
seus próprios merecimentos negam;
A Terceira… Aos maus, aqueles que somente procuram a
umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar ao semelhante;
A Quarta… Aos frios e calculistas, que sabem que existe
uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma, e não
conhecem a palavra gratidão;
A Quinta… Chega suave, tem o sorriso, o elogio da flor
dos lábios, mas se olharem bem seu semblantes verão escrito: creio na Umbanda,
nos teus Caboclos e no teu Zambi, mas somente se resolverem o meu caso ou me
curarem disto ou daquilo;
A Sexta… Aos fúteis, que vão de centro em centro, não
acreditando em nada, buscam aconchego, conchavos e seus olhos revelam um
interesse diferente;
A Sétima… Como foi grande e como deslizou pesada! Foi à
última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os Orixás. Aos médiuns
vaidosos (as), que só aparecem no Centro em dia de festa e faltam as doutrinas.
Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas
precisando de amparo material e espiritual.
domingo, 22 de setembro de 2013
Oxalá - pai de xangô
Sango, filho de Obatalá,
era um jovem rebelde e vez por outra saía pelo mundo botando fogo pela boca,
queimando cidades e fazendo arruaça. Seu pai, Obatalá, era informado de seus
atos, recebendo queixas de todas as partes da terra. Obatalá alegava que seu
filho era como era por não haver sido criado junto dele, mas que, algum dia,
conseguiria dominá-lo.
Certo dia, estando Sango na
casa de Obá, deixou seu cavalo branco amarrado junto à porta da casa. Obatalá e
Odudua passaram por lá, viram o animal de Sango, e o levaram com eles. Ao sair,
Sango percebeu o roubo e enfurecido saiu em busca do animal, perguntando aqui e
acolá. Chegando a uma vila próxima dali, informaram-lhe que dois velhos estavam
levando consigo seu animal, o que deixou Sango ainda mais colérico. Sango
alcançou os dois velhos e ao tentar agredi-los percebeu que eram Obatalá e
Odudua. Obatalá levantou seu opaxorô (cajado) e ordenou: "Sangò kunlé,
foribalé". Sango desarmado atirou-se ao chão em total submissão à Obatalá.
Sango tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: "Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho".
Sango tinha consigo seu colar de contas vermelhas, que Obatalá arrebentou e misturou a elas suas contas brancas dizendo: "Isto é para que toda a terra saiba que você é meu filho".
Daquele dia em diante Sango
submeteu-se às ordens do velho rei.
Como Oyá conquistou o fogo
Orixá das cores vermelha e
branca, Iansã é a regente do vento e dos temporais. Segundo uma antiga história
da África, Xangô, marido de Iansã, certa vez a enviou para uma aventura
especial na terra dos baribas. A missão era buscar um preparado que lhe daria o
poder de cuspir fogo. Só que a guerreira, ousada como ela só, ao invés de
obedecer ao marido, bebeu a alquimia mágica, adquirindo para si a capacidade de
soltar labaredas de fogo pela boca.
Mais
tarde, os africanos inventaram cerimônias que saudavam divindades como Iansã
através do fogo. E, para isso, usavam o àkàrà, um algodão embebido em azeite de
dendê, num ritual que lembra muito o preparo de um alimento bastante conhecido
até os dias que correm: o acarajé. Na verdade,
o acarajé que abastece o tabuleiro das baianas é o alimento sagrado de Iansã,
também conhecida como Oyá.
O quitute
tornou-se símbolo da culinária da Bahia e patrimônio cultural brasileiro. E,
assim como ele, diversos elementos da tradição africana fazem parte do nosso
cotidiano. Em sons, movimentos e cores, a arte encontrou na religião de origem
africana seu sentido, sua essência, sua identidade.
sábado, 21 de setembro de 2013
Exus
Exus de Quimbanda, de acordo com a crença religiosa, são
espíritos de diversos níveis de luz que incorporam nos médiuns de Quimbanda. Os
Exus de Quimbanda são antigos espíritos de bruxos e sacerdotes de todas as
partes do mundo como Brasil, Egito, Europa, África, até mesmo da cultura
indígena. São espíritos de pessoas que fizeram parte do culto em algum momento
no passado. E também existem os Exus que nasceram no sistema de formação do
universo. Não confundir o Exu de Quimbanda com o Orixá Exu. Na Quimbanda não
existe culto a Orixás, e Exu na Quimbanda, não é um Mensageiro dos Orixás ou um
Orixá.
Natureza e incorporação de Exus
Encontramos aqueles que crêem que os Exus são entidades
(espíritos) que só fazem o bem, e outros que crêem que os Exus podem também ser
neutros ou maus. Observa-se que, muitas vezes, os médiuns dos terreiros de
Umbanda - e mesmo de Candomblé - não têm uma idéia muito clara da natureza
da(s) entidade(s), quase sempre, por falta de estudo da religião. Na verdade,
essa Entidade não deve ser confundida com os (obsessores), apesar de transitar
na mesma Linha das Almas, sendo o seu dia, a segunda-feira, ficando sob o seu
controle e comandando os espíritos atrasadíssimos na evolução e que são
orientados pelos Exus para que consigam evoluir através de trabalhos
espirituais feitos para o bem.
Sua função mítica é a de mensageiro , aquele que liga os
dois mundos. O único contato direto
entre essas diferentes categorias só acontece no momento da incorporação,
quando o corpo do ser humano é colegado ao seu Exu por meio dos chacras. É ele
quem traduz as linguagens humanas para os seres superiores. Por isso, é
imprescindível a sua presença para a realização de qualquer trabalho, porque é
o único que efetivamente assegura em uma dimensão o que está acontecendo na
outra, abrindo os caminhos para os Orixás se aproximarem dos locais onde estão
sendo cultuados. Possuem a função também de proteger o terreiro e seus médiuns.
O poder de comunicar e ligar, confere a ele também o
oposto, a possibilidade de desligar e comprometer qualquer comunicação. Se
possibilita a construção, também permite a destruição. Esse poder foi traduzido
mitologicamente no fato de Exu habitar as encruzilhadas, cemitérios, passagens,
os diferentes e vários cruzamentos entre caminhos e rotas, e ser o senhor das
porteiras, portas de entradas e saídas.
A Umbanda considera os Exus não como deuses, mas como uma
entidade em evolução que busca, através da caridade, a evolução. Em síntese, o
grande agente mágico do equilíbrio universal. Também é o guardião dos trabalhos
de magia, onde opera com forças do astral. E também são considerados como
"policiais", "sentinelas", "seguranças" que agem
pela Lei, no submundo do "crime" organizado e principalmente
policiando o Médium no seu dia-a-dia. As "equipes" de Exus sempre
estão nestas zonas infernais, mas, não vivem nela.
Obedecem à severa hierarquia nos comandos do astral se
classificando também como Exus cruzados, espadados e coroados.
Esses espíritos utilizam-se de energias mais
"densas" (materiais). Nota-se que essas entidades podem realizar
trabalhos benignos, como curas, orientação em todos os setores da vida pessoal
dos consulentes e praticar a caridade em geral. A condição de Exu para um espírito
é transitória, podendo este, uma vez redimidas suas dívidas perante a Lei
Divina, seguir no mundo dos espíritos em escalas mais elevadas de evolução.
Os Exus são confundidos com os Kiumbas, que são espíritos
trevosos ou obsessores, são espíritos que se encontram desajustados perante à
Lei, provocando os mais variados distúrbios morais e mentais nas pessoas, desde
pequenas confusões, até as mais duras e tristes obsessões. São espíritos que se
comprazem na prática do mal, apenas por sentirem prazer ou por vinganças,
calcadas no ódio doentio. Aguardando, enfim, que a Lei os "recupere"
da melhor maneira possível (voluntária ou involuntariamente). Vivem no baixo
astral, onde as vibrações energéticas são densas. Este baixo astral é uma
enorme egrégora formada pelos maus pensamentos e atitudes dos espíritos
encarnados ou desencarnados. Sentimentos baixos, vãs paixões, ódios, rancores,
raivas, vinganças, sensualidade desenfreada, vícios de toda estirpe, alimentam
esta faixa vibracional e os Kiumbas se apegam nisso, já que sentem-se mais
fortalecidos.
Em seus trabalhos de magia, Exu corta demandas, desfaz
trabalhos malignos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos obscuros, sem
luz (Kiumbas). Ajudam a limpar, retirando os espíritos obsessores e os
encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares
do astral inferior.
A Doutrina Espírita os trata como espíritos imperfeitos,
almas dos homens que, por terem cometido crimes perante a Lei Divina, são
submetidos a difíceis provas, cujo único objetivo é o de que possam compreender
a extensão do mal que praticaram em outras vidas. Alguns espíritos, que usam
indevidamente o nome de Exu, procuram realizar trabalhos de magia dirigida
contra os encarnados. Na realidade, quem está agindo é um espírito atrasado. É
justamente contra as influências maléficas, o pensamento doentio desses
feiticeiros improvisados, que entra em ação o verdadeiro Exu, atraindo os
obsessores, cegos ainda, e procurando trazê-los para suas falanges que
trabalham visando à própria evolução.
O chamado “Exu Pagão” é tido como o marginal da
espiritualidade, aquele sem luz, sem conhecimento da evolução, trabalhando na
magia para o mal, embora possa ser despertado para evoluir de condição. Já o
Exu Batizado, é uma alma humana já sensibilizada, evoluindo e, trabalhando para
o bem, dentro do reino da Quimbanda, por ser força que ainda se ajusta ao meio,
nele podendo intervir, como um policial que penetra nos reinos da
marginalidade.
Não se deve, entretanto, confundir um verdadeiro Exu com
um espíritos zombeteiros, mistificadores, obsessores ou perturbadores, que
recebem a denominação de Kiumbas e que, às vezes, tentam mistificar, iludindo
os presentes, usando nomes de "Guias". Para evitar essa confusão, não
damos[quem?] aos chamados “Exus Pagãos” a denominação de “Exu”,
classificando-os apenas como Kiumbas. E reservamos para os ditos “Exus
Batizados” a denominação de “Exu”.
Laroyê Exu
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
A Tradição do Bará do Mercado - Documentário Completo - Porto Alegre/RS
A
Tradição do Bará do Mercado traz os relatos de 7 religiosos de matriz africana
sobre o fundamento afro-religioso chamado O Bará do Mercado Público, a partir
dos percursos e experiências urbanas desses negros na cidade de Porto Alegre.
Esse documentário relata a importância da cultura negra em nosso estado, conta
a história de um povo que atravessou o oceano sem perder a fé e esperança na
sua crença.
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